Seis militares detidos durante buscas na Força Aérea - TVI

Seis militares detidos durante buscas na Força Aérea

Suspeitas de corrupção levam PJ e PJM a efetuar buscas em instalações da Força Aérea em todo o país. Em causa a sobrefaturação de alimentos que abasteciam as messes. Já há seis detidos. Estado "poderá ter sido lesado em 10 milhões de euros"

Messes da Força Aérea em vários pontos do país foram alvo de buscas, numa operação conjunta da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da Polícia Judiciária (PJ). A TVI sabe que foram emitidos também seis mandados de detenção e que estes já foram cumpridos. Segundo fonte da investigação, duas das detenções - dois sargentos - foram efetuadas na Base Aérea de Monte Real, em Leiria, enquanto um capitão e um major foram detidos no Estado-Maior, em Alfragide.

A TVI sabe que suspeitas de corrupção na gestão financeira destas estruturas estão na origem da diligência levada a cabo esta quinta-feira por cerca de 400 operacionais (entre procuradores e investigadores das duas polícias judiciárias) em bases aéreas e outras unidades daquele ramo das Forças Armadas, bem como buscas domiciliárias a casas de militares e empresas fornecedoras.

Em causa estará o desvio de cerca de 30% do dinheiro dos orçamentos para a gestão das messes da Força Aérea, num esquema que envolvia a aquisição real de menos bens alimentares que os oficialmente encomendados.

O “lucro” daí resultante estaria a ser repartido entre fornecedores e militares envolvidos neste alegado caso de corrupção (entre eles, oficiais e sargentos - gerentes das messes, por exemplo). De acordo com um comunicado da Polícia Judiciária, esta "atividade poderá ter lesado o Estado num valor que, segundo se estima, poderá rondar os 10 milhões de euros".

As buscas centram-se em 12 bases da Força Aérea, mas estendem-se mesmo até ao Estado-Maior, em Alfragide, onde é verificada e aprovada toda a contabilidade das messes.

Segundo o porta-voz da Força Aérea confirmou à TVI, as buscas estão a decorrer nas Base Aéreas de Sintra, Monte Real, Montijo e Beja, e ainda nas instalações da Força Aérea de Alverca, Ota, Monsanto, Alcochete e no aeroporto de Figo Maduro. Há também buscas a decorrer em 15 empresas e em diversos domicílios.

A TVI sabe também que esta investigação já dura há cerca de dois anos, no seguimento de uma denúncia anónima, começou por ser conduzida pela PJM, mas dada a dimensão que o caso tomou foi necessário alargá-la e envolver também a Polícia Judiciária “civil”.

Tudo com o conhecimento e a colaboração do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, desde o início, disse fonte próxima da investigação.

Só desde o passado dia 24 de fevereiro é que o General Manuel Teixeira Rolo é Chefe de Estado-Maior da Força Aérea; o que significa que o seu antecessor, o General José Pinheiro também tinha conhecimento e colaborava com a investigação, cessou funções e, ao passar o testemunho na liderança da Força Aérea, passou também toda a informação a Teixeira Rolo, garantindo que esta investigação da PJ e da PJM não entrava num impasse.

Sobrefaturação de alimentos que abasteciam as messes

A Procuradoria-Geral da República enviou um comunicados às redações no qual confirma esta operação, dando conta de "80 buscas domiciliárias e 25 buscas não domiciliárias, designadamente em equipamentos militares localizados na Grande Lisboa, em Beja e em Leiria".

Em causa estão factos suscetíveis de integrarem a prática de crimes de corrupção passiva, de corrupção ativa e de falsificação de documento."

Segundo a PGR, algumas messes da Força Aérea seriam abastecidas com alimentos "cujo valor a pagar, posteriormente, pelo Estado Maior da Força Aérea, seria objeto de sobrefaturação".

Tal sucederia por acordo entre militares que trabalham nas messes, fornecedores dos géneros alimentícios e um elemento do departamento do Estado Maior da Força Aérea com funções de fiscalização das referidas messes."

O valor faturado seria "cerca de três vezes superior ao dos bens entregues na realidade" e o lucro seria dividido pelos elementos envolvidos. 

Investigações eram do conhecimento das Forças Armadas

As Forças Armadas afirmaram, através de comunicado enviado às redações, que "desde o seu início, as investigações em curso eram do conhecimento de um núcleo restrito da estrutura de comando deste Ramo das Forças Armadas".

Na mesma nota, a Força Aérea reforça que "colaborou e colabora - com total transparência - com as autoridades competentes para o efeito".

Continue a ler esta notícia