Pediatras e psicólogos consideram o wrestling prejudicial para as crianças e jovens pelo efeito da violência, uma ideia partilhada pelos próprios lutadores, que defendem a sua restrição a menores de 14 anos.
Mais de 20 lutadores de todo o mundo vão estar em Lisboa segunda e terça-feira, no Pavilhão Atlântico, para um espectáculo de wrestling que já está esgotado.
«O wrestling é de facto um espectáculo popular entre crianças e jovens e para além de em nada as beneficiar, não lhe trazer qualquer mais valia, é um espectáculo prejudicial», disse à agência Lusa a pediatra Helena Porfírio.
A especialista, que é também presidente de secção de pediatria da Sociedade Portuguesa de Pediatria, explicou que «os comportamentos violentos aprendem-se», principalmente quando são desempenhados por heróis de televisão.
«É violento. As crianças e jovens não têm capacidade crítica, não têm um conhecimento de todas as possibilidades de comportamentos, do que é ética e moralmente aceitável, razoável ou absolutamente criticável e a eliminar», salientou.
Enquanto pediatra, Helena Porfírio já assistiu no Hospital de Coimbra dois rapazes, de 11 e 12 anos, que por causa das lutas de wrestling sofreram rotura nos tendões do tornozelo e um torcicolo por torção do pescoço.
A pediatra culpou a televisão pelo poder que tem de reproduzir a violência e apelou aos decisores políticos para que legislem e fiscalizem os programas transmitidos pelas televisões.
Também Vítor Moita, professor de psicologia da criança na Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, desaconselha as crianças e os jovens a assistirem ao wrestling porque «o espectáculo pode desencadear comportamentos violentos».
Vítor Moita considerou que as crianças e os jovens devem estar acompanhados por adultos quando assistem a este tipo de espectáculo. «Os pais devem passar o descontentamento aos filhos e criticar o espectáculo», disse o docente.
No entanto, o docente da Universidade do Porto considerou que um jovem ao jogar wrestling na consola ou no computar se torna menos violento do que a assistir a um espectáculo.
«Um miúdo quando está a jogar entra no registo, participa e faz parte da realidade», disse, acrescentando que quando assiste ao espectáculo fica «muito tenso».
Por sua vez, João Ruivo (Ultra Psycho), lutador de wrestling em Portugal e membro da Associação Portuguesa de Wrestling (APW), considerou a modalidade violenta e defendeu que os espectáculos não deveriam ser vistos por jovens com mais de 14 anos.
Explicou que wrestling é um desporto com muitos truques e que os lutadores são treinados e preparados para o fazer.
De acordo com Ultra Psycho, este desporto tem uma série de elementos que fazem parte da cultura juvenil, nomeadamente desportivos, musicais, a violência e a sensualidade (quando as divas acompanham os jogadores ao palco).
Wrestling é «prejudicial» para as crianças
- Portugal Diário
- 3 dez 2006, 10:17
Médicos e lutadores concordam que os espectáculo pode incentivar à violência
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