A Polícia Judiciária deteve, nesta terça-feira, um inspetor reformado da PJ e outro que estava no ativo, num total de 15 homens, por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, entre outros crimes.
Em comunicado, a PJ adianta que, no âmbito da Operação “Aquiles”, foram detidos 15 homens, com idades entre os 39 e 61 anos, "por corrupção ativa e passiva para ato ilícito, branqueamento de capitais e tráfico de estupefacientes".
A operação mobilizou quase duas centenas e meia de elementos da PJ, assim como magistrados judiciais e do Ministério Público, tendo sido realizadas cerca de 120 buscas em todo o pais.
Entre os 15 detidos estão dois elementos da própria PJ - um antigo coordenador já reformado e um inspetor-chefe que trabalhava na Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) - que serão presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação.
A Operação Aquiles está a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), em colaboração com a UNCTE, em inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
A investigação, segundo a PJ, vai prosseguir com vista à recolha de mais provas.
Uma outra nota, da Procuradoria-Geral da República, adianta que ainda estão em curso várias diligências, "designadamente buscas nas zonas de Lisboa e Porto".
Europol: casos de corrupção em chefias das polícias são exceção
O diretor da Europol disse hoje, em Bruxelas, ser pouco habitual encontrar corrupção a nível das chefias das polícias, numa referência à detenção dos dois inspetores da Polícia Judiciária.
“Não vemos corrupção a níveis muito altos, por isso será uma situação excecional, mas não temos conhecimento [dessa investigação]", comentou Rob Wainwright, na conferência de imprensa sobre o relatório anual de mercado de droga na União Europeia, que espera a partilha em breve de informação por parte de Portugal sobre este caso.
Rob Wainwright acrescentou que a “corrupção continua a ser um fator que facilita a atividade dos grupos criminosos em muitas áreas, como o mercado de drogas ilícitas”.
Associação Sindical: "PJ investiga toda a gente, mesmo que sejam os seus"
O presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC/PJ) disse esta terça-feira que a Polícia Judiciária investiga todas as pessoas suspeitas de terem praticado crimes, mesmo que entre elas esteja "um dos seus".
A PJ investiga toda a gente que seja suspeita da prática de um crime, mesmo que sejam os seus", disse à agência Lusa Carlos Garcia, a propósito da detenção hoje de dois elementos da PJ, num caso em que há suspeitas de corrupção ativa e passiva, tráfico de droga agravado, associação criminosa e branqueamento de capitais.
Carlos Garcia admitiu que o caso possa causar "alguma tristeza" no seio daquela polícia, mas contrapôs que, "do ponto de vista da Polícia Judiciária", tais situações têm de ser "encaradas com naturalidade", porque a PJ investiga sempre que há suspeitas de ilícitos.
O dirigente da ASFIC disse desconhecer se a detenção dos dois elementos da PJ passou por uma troca de informações com outras polícias estrangeiras, observando que o importante é "deixar a investigação correr até ao fim e ver o resultado".
O sindicalista realçou a Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ tem obtido "excelentes resultados" apesar de "funcionar com o sacrifício acrescido dos que lá estão" e que são poucos.
Revelou que esta unidade da PJ chegou ter mais de 100 inspetores e que hoje conta com pouco mais de 60, sendo um exemplo da falta de meios humanos que atinge esta polícia de investigação criminal.