Web Summit: unicórnios a explodir e o sonho de mudar o mundo - TVI

Web Summit: unicórnios a explodir e o sonho de mudar o mundo

Paddy Cosgrave falou do próximo ano tecnológico e do controlo das redes sociais. Mas na cimeira tecnológica, houve ainda espaço para falar de plástico e de um mundo melhor

No primeiro dia completo de Web Summit, o fundador da cimeira tecnológica, Paddy Cosgrave, realçou que o próximo ano vai ser um "momento desafiante para os investidores”, admitindo que o mercado vai sofrer um ajustamento. No dia em que a Web Summit recebeu estrelas de futebol, abordou o Brexit, a presidência de Donald Trump e o drama dos refugiados, houve ainda espaço para encontrar pontos comuns entre Garret McNamarra e Éric Cantona.

Numa resposta implícita às vozes críticas sobre o insucesso da grande maioria das startups, Paddy Cosgrave desvalorizou o facto da maioria das pequenas empresas não vingarem e preferiu lembrar que no “oceano de startups" estão os próximos casos de sucesso.

Apesar da confiança no momento tecnológico, com um aumento de todos os indicadores da cimeira, Paddy Cosgrave admite que o próximo ano será de ajustamento no mercado de investimento. 

"Muitos unicórnios vão explodir nos próximos 12 meses, não sei se isso é necessariamente uma coisa má. Mas sim, muita gente rica vai perder dinheiro", disse depois de mais uma vez agradecer à polícia portuguesa pelas “horas extraordinárias” e de desvalorizar as críticas à segurança do evento. 

Quando questionado sobre o controlo das condutas nas redes sociais, o irlandês que se apaixonou por Lisboa defendeu que talvez não fosse “assim tão descabido” ter um “polícia a multar alguém no twitter depois de fazer um comentário anti-social, como temos um polícia a multar uma infração de carro”, disse, lembrando que os próximos cinco anos vão ser decisivos nesta matéria e que devemos todos seguir os passos que a Alemanha já está a dar.

Uma Web Summit para mudar o mundo

As alterações climáticas e a necessidade de um mundo melhor marcam presença nesta Web Summit um pouco em todos os palcos. Tanto no palco principal, como nas conferências paralelas, o tema é amplamente discutido. Garret McNamarra, o surfista que adotou a Nazaré para viver, foi um dos convidados para falar sobre a contaminação dos oceanos.

“Na Nazaré, aparentemente não há muito plástico, mas basta por as mãos por entre as rochas para descobrir plástico no fundo”, disse, lembrando que são as companhias de petróleo as primeiras que têm de ser atacadas, pois são elas que continuam a produção.

“Parem de consumir plástico, façam escolhas conscientes e eles vão deixar de produzir plástico”

Numa abordagem igualmente exigente, mas com um tom mais suave, Diana Cohen, cofundadora e CEO da Plastic Pollution Coalition, lembrou que é preciso enaltecer as empresas que tomam medidas contra o plástico e ao mesmo tempo pressionar para que o plástico seja banido na totalidade.   

“É com uma pressão gentil que criamos a mudança”, disse.

A ideia de que cada um tem o poder de mudar o mundo ao fazer escolhas conscientes foi, aliás, o tema da intervenção de Éric Cantona. O francês criou a fundação Common Goal que tem o objetivo de mudar o mundo através do futebol.

Numa das intervenções mais aguardadas do palco principal, o ex-jogador de futebol lembrou que “o mundo precisa do futebol mais do que nunca”. Através da doação de 1% dos rendimentos dos profissionais de futebol, a fundação pretende criar um fundo de combate à pobreza.

Eric Cantona e Jürgen Griesbeck, cofundadores do projeto, vão ainda mais longe e desafiam todos a imaginarem o que seria possível fazer com um 1% dos rendimentos de todos na Web Summit e com 90 minutos (a duração de um jogo de futebol) por semana para ajudar quem mais precisa.

“Há dois anos chamaram-nos loucos e hoje estamos aqui. Se todos derem um por cento do seu tempo ou um por cento do salário, imaginem o que podemos fazer”, lembrou Jürgen Griesbeck.

 

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