Palácio de Mafra e Santuário do Bom Jesus classificados como Património Mundial da UNESCO - TVI

Palácio de Mafra e Santuário do Bom Jesus classificados como Património Mundial da UNESCO

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  • 7 jul 2019, 08:00

Monumento português fez parte “das 36 indicações para inscrição na Lista do Património Mundial”, que estão a ser avaliadas na 43.ª Sessão do Comité da UNESCO a decorrer em Baku, no Azerbaijão

O conjunto composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra recebeu hoje a classificação de Património Cultural Mundial da UNESCO, na reunião do comité da organização, a decorrer em Baku, no Azerbaijão, anunciou a organização.

O monumento português fez parte “das 36 indicações para inscrição na Lista do Património Mundial”, que estão a ser avaliadas na 43.ª Sessão do Comité do Património, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a decorrer em Baku, no Azerbaijão, até 10 de julho.

Este conjunto suscitou uma pequena discussão dentro do Comité, com o Conselho Internacional de Monumentos e dos Sítios (ICOMOS) a levantar algumas dúvidas face a esta candidatura. "Tivemos muitas discussões sobre este sítio porque o elemento crucial deste conjunto, mas achamos que a Tapada não está suficientemente documentada. Sem haver mais informações, não faz sentido recomendar este lugar como Património Cultural Mundial", disse a representante do ICOMOS.

No entanto, o monumento foi aprovado com apoio do Brasil, da Tunísia e da China, tal como outros Estados que fazem parte deste comité como Angola ou Indonésia, embora tenham apoiado as recomendações para a conservação e um estudo cartográfico deste complexo monumental.

"Mafra reúne todas as condições para ser reconhecido. Desejamos inscrever um edifício de valor extraordinário que tem também um jardim e uma tapada e não o inverso, como indica o ICOMOS", disse a representação de Portugal, ao defender esta candidatura.

Santuário do Bom Jesus

Também o Santuário do Bom Jesus, em Braga, recebeu a classificação de Património Cultural Mundial da UNESCO.

A candidatura suscitou algumas questões ao Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), que faz a apreciação das candidaturas que chegam de todo o mundo, no que diz respeito à autenticidade e integridade deste monumento, assim como a preservação e prevenção de acidentes, como possíveis incêndios à volta do complexo religioso, mas a proposta acabou por ser aprovada.

O Brasil, que abriu a discussão e faz parte deste comité, defendeu que o Bom Jesus de Braga não só cumpre todos os critérios para ser integrado na lista de monumentos, mas serviu também de inspiração para o complexo do Bom Jesus de Congonhas, no Brasil, que já consta da lista da UNESCO.

Portugal esclareceu que todas as dúvidas sobre o monumento bracarense já estavam esclarecidas no dossier entregue por Portugal e que as recomendações do ICOMOS já estão mesmo a ser seguidas no santuário. A representação portuguesa afirmou ainda que o monumento também já está inscrito como património nacional.

A Lista do Património Mundial da UNESCO integra atualmente 1.092 sítios em 167 países.

Portugal conta com agora 17 locais classificados em território nacional, havendo ainda 11 que constituem património mundial de origem portuguesa no mundo.

O Centro Histórico de Angra do Heroísmo, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em Lisboa, num conjunto de proximidade, o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, em Tomar, foram os primeiros classificados, em 1983.

Motivo de "grande regozijo para todos os portugueses"

O Presidente da República considerou este domingo que inscrição do Palácio Nacional de Mafra e do Santuário do Bom Jesus em Braga na lista do Património Mundial da UNESCO é motivo de "grande regozijo para todos os portugueses".

Numa nota publicada na página da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa congratula-se assim com as decisões da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), referindo que "é um motivo de grande regozijo para o Presidente da Republica e para todos os portugueses".

Saúdo vivamente os promotores destas candidaturas, os autarcas, os diplomatas, as autoridades civis e eclesiásticas, e todos aqueles que, também na sociedade civil, ajudam a levar mais longe o património português físico, histórico, artístico, religioso ou intelectual", lê-se no documento.

O Presidente da República recorda que o Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga, constitui um conjunto arquitetónico e paisagístico construído e reconstruído a partir do século XVI, no qual se evidenciam os estilos barroco, rococó e neoclássico, composto por "um Sacro Monte, de um longo percurso de via-sacra atravessando a mata, de capelas que abrigam conjuntos escultóricos evocativos da morte e ressurreição de Cristo, fontes e estátuas alegóricas, da Basílica, culminando no Terreiro dos Evangelistas".

Sendo um dos ícones do Portugal católico, o Bom Jesus é também um ex-libris da cidade de Braga, cidade milenar, anterior à nacionalidade, cidade romana, portuguesa e universal", refere.

Marcelo Rebelo de Sousa refere que conta estar presente na cerimónia que assinala esta distinção e que se realiza em Braga em 6 de setembro.

Sobre Mafra, Marcelo Rebelo de Sousa recorda que o conjunto monumental do Palácio Nacional de Mafra inclui o Palácio, que integra a Basílica, cujo frontispício une os aposentos do Rei e da Rainha, o Convento, o Jardim do Cerco e a Tapada, sendo uma das mais emblemáticas e magnificentes obras do Rei D. João V.

Uma obra invulgarmente exuberante, profundamente ligada à nossa cultura ao longo dos séculos, da música erudita ao romance contemporâneo, e que certamente merecerá um renovado interesse internacional", destaca o chefe de Estado.

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