Consultas e cirurgias canceladas devido à greve dos médicos - TVI

Consultas e cirurgias canceladas devido à greve dos médicos

  • SS - atualizada às 10:24
  • 8 mai 2018, 09:59

Os médicos começaram esta terça-feira uma greve de três dias e os efeitos já se fazem sentir de Norte a Sul do país

Os médicos começaram esta terça-feira uma greve de três dias e os efeitos já se fazem sentir de Norte a Sul do país. A paralisação está a afetar sobretudo as consultas e as cirurgias programadas.

Segundo um primeiro balanço divulgado às 10:00 por Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), a adesão à greve ao nível das consultas externas é de cerca de 80% nos cuidados primários e entre 70 a 80% nos hospitais.

Já ao nível das cirurgias, o dirigente sindical referiu "em Faro 100% dos blocos estão encerrados, em Lisboa, no Hospital de São José os blocos também estão encerrados, no Santa Maria só um dos blocos está a funcionar, no São João (Porto) só há um dos blocos a funcionar".

Em Faro, a equipa de reportagem da TVI apurou que todas as cirurgias programadas foram canceladas. Dos cinco blocos operatórios apenas um está a funcionar esta terça-feira, apenas para situações de urgência.

Quanto às consultas externas ainda não temos números, mas podemos afirmar que a expetativa é de uma adesão na casa dos 90%", adiantou à TVI João Pinto, do Sindicato Independente dos Médicos.

O mesmo responsável sublinhou que "há uma grande adesão dos médicos à greve" no Algarve, destacando que entre as principais revindicações dos médicos estão a falta de profissionais e a falta de incentivos para fixar profissionais na região.

Em Coimbra, o bloco central do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra tem uma adesão à greve de 100%. As consultas externas também estão a ser afetadas. 

Luísa Isabel, da Federação Nacional dos Médicos da Zona Centro, afirmou à TVI que esta é uma greve que interessa a toda a população.

Isto é uma greve que interessa a todos os profissionais e a toda a população porque estamos a defender o Serviço Nacional de Saúde."

No Norte do país, no Hospital de São João, as consultas e as cirurgias programadas também estão a ser afetadas. A equipa de reportagem da TVI notou que o serviço de consultas externas do hospital está esta terça-feira mais calmo do que o habitual, uma vez que muitos utentes foram avisados de que não iam ter consulta.

Já no Hospital de Vila Real, o cancelamento de consultas foi o efeito mais visível da greve, embora outras consultas tenham também decorrido com normalidade.

Os utentes queixaram-se de deslocações propositadas, de despesas “em vão” e faltas ao trabalho.

Uma utente de Castelo Branco contou à TVI que fez 260 quilómetros para ter uma consulta esta terça-feira, em Lisboa, mas esta acabou por ser cancelada. 

Mandaram-me uma mensagem para não faltar à consulta e que se faltasse para avisar para ir outro doente no meu lugar. Não disse nada porque vim à consulta. Cheguei às 8:30, a consulta estava marcada para as 9:30, e vieram-me dizer que o médico não vem", sublinhou.

Os médicos iniciaram esta terça-feira às 00:00 três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”.

Os serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, cuidados paliativos em internamento, estão garantidos.

A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação – o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

Para esta terça-feira à tarde, a FNAM agendou ainda uma concentração em frente do Ministério da Saúde, em Lisboa.

A Ordem dos Médicos já veio publicamente apoiar a greve, por considerar que existem “razões objetivas” por parte dos profissionais.

Depois de duas greves nacionais em 2017, os médicos paralisam este ano pela primeira vez, com os sindicatos a considerar que o Governo tem sido intransigente e tem desperdiçado as oportunidades de diálogo com os sindicatos.

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