O Tribunal judicial de Lisboa dirigiu uma carta rogatória às autoridades do Reino Unido, no último dia 4, a que a TVI teve acesso, a solicitar informações com carácter de urgência sobre o registo de todas as entradas e saídas de João Rendeiro daquele país.
Em causa estão "os últimos 12 meses, com menção das datas e locais (territórios estrangeiros)" de proveniência ou destino, visto que o arguido informou que estaria em Inglaterra de 12 a 30 de Setembro, e, entretanto, fugiu à justiça portuguesa sem intenção de regressar.
Sendo certo que, tal como a TVI já tinha noticiado, Rendeiro saiu de Inglaterra sem deixar rasto do destino - num voo privado, em jato particular, de modo a não ser identificado.
ANAC chamada a vasculhar listas de passageiros
A Autoridade Nacional de Aviação Civil também foi notificada pelo tribunal para que, com urgência, apure e informe a justiça sobre todas as viagens aéreas realizadas por João Rendeiro, nos últimos 60 dias, a partir de aeroportos comerciais e aeródromos civis. Pede o tribunal à ANAC, no ofício a que a TVI teve acesso, que recolha dados de "listagens de passageiros de companhias aéreas a operar em Portugal e de aeronaves particulares".
Na passada sexta-feira, ao final da tarde, militares da GNR deslocaram-se à casa de João Rendeiro, um condomínio de luxo em Alcabideche, Cascais, mas identificaram apenas a sua mulher e um segurança/porteiro do espaço, segundo um documento a que a TVI teve acesso.
A mulher de João Rendeiro respondeu que o marido “não se encontrava” em casa, confirmando que aquele deixou o país há cerca de duas semanas, “sem conseguir especificar a data”, e que o motivo da viagem, sem data de regresso, “seria por questões de saúde”.
A deslocação ao estrangeiro, tal como a TVI adiantou, seria "a Londres", no Reino Unido, “não fornecendo qualquer outro detalhe”.
No entanto, apesar de não dar informações sobre a localização de João Rendeiro, a mulher confirmou que "mantém contacto ocasional via telefone" com o marido.
Nesta diligência para execução do mandado de detenção, a GNR de Alcabideche falou também com o segurança do condomínio privado, que confirmou que não via João rendeiro há cerca de duas semanas e que "este se fazia sempre acompanhar de um motorista".
A 28 de setembro, o ex-presidente do BPP foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada.
Em maio deste ano, o tribunal condenou Rendeiro a 10 anos de prisão efetiva pelos crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais num processo extraído do primeiro megaprocesso de falsificação de documentos e falsidade informática.
Em julho de 2020, em outro processo também relacionado com o BPP, Rendeiro tinha sido condenado a cinco anos e oito meses de prisão efetiva.
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