A chave poderá estar no “relógio biológico”. Um estudo publicado na revista especializada “PLOS Biology” revela que o relógio circadiano pode ajudar a acabar com o cancro.
A investigação, divulgada pela médica Angela Relógio, da universidade Charité-Médica de Berlim, baseia-se em experiências com ratinhos.
O estudo lembra que o corpo humano tem um relógio biológico interno, o chamado “ritmo circadiano”, que se move diariamente e se sincroniza com o tempo solar.
Os investigadores colocam a hipótese de, dado que os processos moleculares são regulados pelo tempo, incluindo o metabolismo, a reparação de DNA e o ciclo celular, o relógio circadiano tem potencial para atuar como supressor tumoral.
The #CircadianClock and the #CellCycle are linked via RAS & Ink4a/Arf - relevance to #Cancer #PLOSBiology https://t.co/9CqfcCvVuo pic.twitter.com/NDu6A4ZdCL
— PLOS Biology (@PLOSBiology) 8 de dezembro de 2017
O relógio biológico sincroniza-se com os ciclos de luz e escuridão e ajuda a elaborar padrões metabólicos e de comportamento tais como os ciclos diários de descanso e atividade.
Muitas doenças, nomeadamente o cancro, podem interromper o ritmo do relógio e fazer com que este se descontrole. Algumas têm um ciclo celular disfuncional e hipertactivo que permite que as células tumorais se multipliquem de forma descontrolada.
Como foi desenvolvido o estudo
Os investigadores descobriram que quando alteram a proteína RAS, que se ativa de forma inapropriada em cerca de um quarto dos tumores humanos, e as proteínas INK4A e ARF, que podem suprimir o cancro, produzia-se uma dissonância entre o relógio circadiano e o ciclo celular.
A proteína RAS, que se sabe controlar o ciclo celular, também controla os ritmos circadianos e exerce o seu efeito sobre o relógio biológico através da INK4A e a ARF.
O estudo realça o importante papel do relógico circadiano como modelador das decisões das celulas e reforça a função desse relógio como mecanismo de prevenção do cancro.
Segundo os nossos resultados, parece que o relógio provavelmente atua como supressor dos tumores, o que é uma vantagem para as células cancerosas iludirem o controlo circadiano”.
À luz das novas descobertas, a equipa de investigadores acredita que é necessário “repensar o tratamento do cancro” incluindo o fator do tempo intento para que se alcancem bons resultados terapêuticos.
Recorde-se que o prémio Nobel da Medicina foi atribuído, este ano, precisamente a "descobertas relativas ao mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano". Foram distinguidos três investigadores.