Corpo de bispo morto em 1849 encontrado na igreja dos Clérigos - TVI

Corpo de bispo morto em 1849 encontrado na igreja dos Clérigos

Clérigos (Fonte: Facebook/DR)

A investigação que decorre na cripta da Igreja dos Clérigos, no Porto destina-se a descobrir o corpo de Nicolau Nasoni e permitiu identificar 26 pessoas

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A investigação que decorre na cripta da Igreja dos Clérigos, no Porto, para descobrir o corpo de Nicolau Nasoni, permitiu identificar 26 pessoas, sendo uma delas o bispo de Aveiro António de Santo Ilídio, que morreu em 1849.

Em declarações aos jornalistas, a coordenadora do projeto de investigação, Eugénia Cunha, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, referiu que a primeira fase do trabalho está já concluída e que consistiu em identificar o número de sepulturas ali depositadas, registo das mesmas e, entre outros, limpeza do espaço, o que “devolveu dignidade” à cripta.

Nesta fase do trabalho, a equipa de investigação encontrou 12 homens, dois “claramente pertencentes ao clero”, no qual se inclui o bispo eleito de Aveiro (não obteve a confirmação do papa), sete não adultos, seis mulheres, “duas das quais identificadas”, e os restantes crianças de diferentes idades, “entre os dois a três anos e entre os cinco a seis anos”, disse.

Após uma análise aos corpos, reafirmou a investigadora, “há quatro candidatos ao perfil demográfico” do arquiteto Nicolau Nasoni, que, de acordo com os registos existentes na Irmandade dos Clérigos, foi sepultado naquela igreja, desconhecendo-se, contudo, o local exato.

“Aquele que acreditamos que seja o caixão mais antigo [encontrado na cripta], que se encontrava por baixo de outros e é de madeira, sem chumbo, tem [um corpo com] um perfil biológico muito parecido com o de Nasoni, pela idade, sexo e o nariz”, destacou Eugénia Cunha.


Todos os corpos, já “dignamente condicionados”, encontram-se agora em urnas individuais, numeradas, que regressarão à cripta.

Após terminar esta fase considerada “menos complicada”, o projeto avançará para uma “abordagem genética” aos corpos, que inclui o recurso a testes de radiocarbono e uma pesquisa histórica dos “ascendentes e descendentes” do arquiteto, que nasceu no século XVII em San Giovanni Valdarno, na Toscana, em Itália, e desenvolveu grande parte do seu trabalho em Portugal, onde projetou no Porto os Clérigos.

Nesta pesquisa história está envolvida a Universidade do Porto, com a colaboração do professor Giovanni Tedesco e do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (IPATIMUP), um dos dois laboratórios que terão a cargo o trabalho de realizar as análises para “confirmação da identidade” dos restos mortais já recolhidos, o que implicará uma deslocarão à terra natal do arquiteto italiano.

No final de todo este trabalho, o presidente da Irmandade dos Clérigos, Américo Aguiar, quer “fazer uma árvore genológica” de Nasoni, completando assim “um estudo que já existe”.

E certo é que depois de identificado o corpo do arquiteto, a Irmandade dos Clérigos pretende dar um lugar de destaque aos seus restos mortais, “com a inauguração de um monumento”, conta a Lusa.

Tal só acontecerá mesmo “quando a professora [Eugénia Cunha] anunciar Habemus Nasoni”, destacou Américo Aguiar.

Este trabalho levou já a equipa multidisciplinar de investigadores a acreditar que possa existir um túnel a ligar a cripta à capela da Senhora da Lapa, onde poderão estar mais sepulturas.

A primeira fase deste trabalho é integralmente financiada pela Irmandade dos Clérigos, esperando esta contar com o apoio da Câmara do Porto e de mecenas para concluir a etapa seguinte, cujos custos ainda não estão contabilizados.

 
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