Ex-presidente do INEM detido por suspeita de corrupção - TVI

Ex-presidente do INEM detido por suspeita de corrupção

Luís Cunha Ribeiro foi detido pela Polícia Judiciária no âmbito da investigação ao negócio do plasma, que foi desvendado por uma reportagem da TVI. Além da detenção, estão a decorrer mais de três dezenas de buscas

O antigo presidente do INEM e da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, o médico Luís Cunha Ribeiro, foi detido nesta terça-feira, pela Polícia Judiciária, por suspeita de corrupção, confirmou a TVI24.

A detenção decorre da investigação do Ministério Público ao negócio do plasma, "Operação O -", que investiga a venda de plasma sanguíneo aos hospitais públicos portugueses, na sequência de uma reportagem da TVI, da autoria da jornalista Alexandra Borges, emitida em junho do ano passado.

Além da detenção de Cunha Ribeiro, que ocorreu em Lisboa, estão a decorrer, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), mais de três dezenas de buscas domiciliárias e não domiciliárias, como na farmacêutica Octapharma, para a qual o antigo primeiro-ministro José Sócrates trabalhou, e que ganhou o concurso público da venda do plasma ao SNS.

Também o Ministério da Saúde e o INEM estão a ser alvo de buscas. Duas das buscas realizam-se em escritórios e locais de trabalho de advogados.

As buscas decorrem na Grande Lisboa e no Grande Porto, havendo duas buscas que têm lugar em território suíço.

Participam na operação três juízes de instrução criminal, oito magistrados do Ministério Público, oito dezenas de elementos da Polícia Judiciária, seis peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística da PJ e nove peritos da Unidade de Tecnologia e Informação da PJ.

No inquérito, de acordo com a PGR, "investigam-se suspeitas de obtenção, por parte de uma empresa de produtos farmacêuticos", a Octapharma, "de uma posição de monopólio no fornecimento de plasma humano inactivado e de uma posição de domínio no fornecimento de hemoderivados a diversas instituições e serviços que integram o Serviço Nacional de Saúde".

Para o efeito, um representante da referida empresa de produtos farmacêuticos, Paulo Lalanda e Castro, e um funcionário com relevantes funções no âmbito de procedimentos concursais públicos nesta área da saúde, Luís Cunha Ribeiro, "terão acordado entre si que este último utilizaria as suas funções e influência para beneficiar indevidamente a empresa do primeiro".

Os factos em investigação ocorreram entre 1999 e 2015.

A reportagem da TVI sobre o negócio do plasma apurou que Portugal é dos únicos países da Europa que não aproveita o plasma seguro dos seus dadores para gastar milhões a comprar plasma de dadores estrangeiros à Octapharma.

Um negócio de milhões, em que, além do plasma comprado, são pagos milhares de euros a empresas de resíduos hospitalares para destruir o plasma doado em Portugal.
 

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