Barómetro da semana: Jogos de siglas e nomes - TVI

Barómetro da semana: Jogos de siglas e nomes

  • Gustavo Cardoso, Professor Catedrático ISCTE-IUL
  • 14 jan 2018, 18:25
Joana Marques Vidal

A semana foi dominada por duas siglas, PGR e PSD, e pelos nomes e assuntos que ambas contagiaram

Na verdade não foram apenas a Procuradoria Geral da República e a disputa pela liderança do PSD, por Rui Rio e Santana Lopes, que encheram os destaques dos órgãos de comunicação social desta semana. Pois, houve também um contágio destas siglas nas temáticas da saúde e outras.  

No entanto, também devemos dizer que as eleições do PSD apenas causaram o dobro da atenção dada à gripe sazonal e à polémica com a renovação, ou não, do mandato da Procuradora Geral da República. Ou seja, desde que há cerca de dez anos as diretas se institucionalizaram no partido, a mediatização da disputa da liderança do PSD tem vindo a perder apelo público e, consequentemente, a catapultar menos o eventual vencedor para a esfera pública alargada do país.

Nesta semana houve também um contágio entre as notícias sobre a Procuradoria Geral da República e um assunto cujo interesse havia sido despertado nas semanas anteriores, a IURD e a alegação da adoção ilegal de crianças.

Por sua vez, o contágio político nas temáticas da saúde aconteceu com várias temáticas. Por exemplo, com o caso da legalização da Cannabis, o que fez com que o PSD liderasse a crítica, retirando o habitual protagonismo político dos últimos tempos ao CDS, e fazendo com que o PCP pudesse também aproveitar para se distanciar culturalmente do BE.

Sabemos que dezembro e janeiro são sempre meses de gripe e, portanto, de notícias sobre os cuidados a ter, sobre o pico de infetados e as incapacidades de centros de saúde e hospitais em lidarem com o afluxo extraordinário de doentes às emergências. No entanto, este ano a toda esta infeliz normalidade veio juntar-se uma tentativa de polémica com a bastonária dos enfermeiros, por via da sua militância no PSD e a discussão, que alguns consideram necessária, sobre se é positivo para as ordens profissionais e outras entidades, que têm de negociar com diferentes governos ao longo do tempo, como as universidades, politécnicos ou IPSS, serem representados por pessoas com historial direto com órgãos partidários ou governos. No fim de contas, trata-se da extensão de uma discussão sobre as “portas giratórias” da política para a banca agora extensível a outras instituições.

Esta foi também a semana em que passou um ano da morte de Mário Soares, fazendo novos destaques surgirem associados à sua figura histórica. Lembrando, por exemplo, o episódio em que entregou no largo do Rato o seu cartão de militante para que pudesse de facto ser “O Presidente de todos os portugueses”. No entanto, foi um gesto, talvez à frente do nosso tempo, um gesto que não fez muita escola, nem na Presidência da República nem nas instituições da sociedade portuguesa, tal como as polémicas da semana demonstram.

 

Ficha técnica:

O Barómetro de Notícias é desenvolvido pelo Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE-IUL como produto do Projeto Jornalismo e Sociedade e em associação com o Observatório Europeu de Jornalismo. É coordenado por Gustavo Cardoso, Décio Telo, Miguel Crespo e Ana Pinto Martinho. A codificação das notícias é realizada por Rute Oliveira, João Lotra e Sofia Barrocas. Apoios: IPPS-IUL, Jornalismo@ISCTE-IUL, e-TELENEWS MediaMonitor / Marktest 2015, fundações Gulbenkian, FLAD e EDP, Mestrado Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, LUSA e OberCom.

Análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra semanal de aproximadamente 411 notícias destacadas diariamente em 17 órgãos de comunicação social generalistas. São analisadas as 4 notícias mais destacadas nas primeiras páginas da Imprensa (CM, PÚBLICO, JN e DN), as 3 primeiras notícias nos noticiários da TSF, RR e Antena 1 das 8 horas, as 4 primeiras notícias nos jornais das 20 horas nas estações de TV generalistas (RTP1, SIC, TVI e CMTV) e as 3 notícias mais destacadas nas páginas online de 6 órgãos de comunicação social generalistas selecionados com base nas audiências de Internet e diversidade editorial (amostra revista anualmente). Em 2016 fazem parte da amostra as páginas de Internet do PÚBLICO, Expresso, Observador, TVI24, SIC Notícias e JN.

 

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