O presidente do Sindicato dos Enfermeiros revelou esta sexta-feira, na TVI, que o ministério da Saúde impôs «unilateralmente» o aumento dos serviços mínimos, obrigando um número maior destes profissionais a trabalhar durante a greve.
«Há um acréscimo de doentes internados em cinco hospitais, e só em alguns serviços. O sindicato estava disponível para fazermos um ajustamento dos serviços mínimos nestes hospitais, mas, ontem à tarde, o ministério desagendou a reunião e impôs de forma unilateral e autoritária o aumento do número de enfermeiros. Foi uma grande trapalhada», disse João Carlos Martins.
De acordo com o despacho do ministério, a que o «Diário de Notícias» teve acesso, Paulo Macedo invoca a grave emergência de saúde pública com o surto de legionella para obrigar todos os enfermeiros dos cinco hospitais onde estão a ser tratados a maioria dos doentes a irem trabalhar esta sexta-feira e dia 21.
O sindicato admite levar o ministério a tribunal.
Segundo o presidente do sindicato, a greve dos enfermeiros não está a pôr em causa o tratamento dos doentes com legionella. «Os enfermeiros asseguram os cuidados mínimos e ajustados à situação», disse.
Os enfermeiros cumprem desde as 00:00 desta sexta-feira o primeiro de dois dias de greve nacional em protesto pelos cortes salariais nas horas extraordinárias, exigindo a progressão na carreira e a reposição das 35 horas de trabalho semanais.
Greve dos enfermeiros com quase 80% de adesão
Na manhã de quinta-feira, a direção do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) chegou a reunir para avaliar se mantinha ou não a paralisação, face ao pedido do Ministério da Saúde para que os sindicalistas reconsiderassem esta greve tendo em conta o cenário «extraordinário» do surto de legionella.
Para o SEP, se o Ministério da Saúde achava mesmo importante desconvocar a greve, isso seria possível se tivesse respondido a um conjunto de reivindicações que o sindicato tem vindo a apresentar, como medidas para acabar com a exaustão dos profissionais ou a admissão de mais funcionários.
Num comunicado enviado ao final da tarde de quinta-feira, o Ministério da Saúde disse estar a avaliar os serviços mínimos exigíveis nos hospitais onde estão a ser tratados os infetados com a bactéria 'legionella'.
Quando anunciou a marcação da greve, na segunda-feira, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses acusou o Ministério da Saúde de não cumprir os compromissos assumidos em processo negocial no que se refere à possibilidade do descongelamento do tempo de serviço para a progressão na carreira.
«A proposta de Orçamento de Estado para 2015, contrariamente ao que estava inscrito no Documento de Estratégia Orçamental e que o Governo propagandeou, em Junho, não prevê normas que são exigências dos enfermeiros e do SEP, nomeadamente, a progressão na carreira, o fim dos cortes salariais nas horas penosas e nas horas extraordinárias, reposição das 35 horas», referem os sindicalistas.
A greve nacional dos enfermeiros repete-se na próxima sexta-feira, dia 21 de novembro.
Os enfermeiros portugueses cumpriram dois dias de greve nacional há menos de dois meses, nos dias 24 e 25 de setembro, contra a «grave carência» de profissionais nas unidades públicas de saúde e pela dignificação da profissão e da carreira de enfermagem.
Legionella: ministério obrigou enfermeiros em greve a trabalhar
- Redação
- CF
- 14 nov 2014, 10:43
Presidente do Sindicato dos Enfermeiros revelou na TVI que Paulo Macedo cancelou a reunião prevista para ontem para «reajustar» os serviços mínimos e «impôs» os números sem diálogo
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