Farmácias de Ovar deixaram de funcionar durante a madrugada - TVI

Farmácias de Ovar deixaram de funcionar durante a madrugada

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  • 15 jun 2020, 17:08
Farmácia

Atividade noturna das cinco farmácias não se revela rentável desde que o Hospital Francisco Zagalo, no mesmo município, deixou de incluir serviço de urgência. Mudança vigorará até final de novembro

 As cinco farmácias da cidade de Ovar, sede do concelho que esteve em estado de calamidade pública devido à Covid-19, estabeleceram um acordo mediante o qual deixaram de funcionar durante a madrugada, revelaram esta segunda-feira responsáveis desses estabelecimentos.

A medida, que foi implementada no início do mês, já era reivindicada há alguns anos pelas equipas afetas a esses espaços do distrito de Aveiro, pelo facto de a atividade noturna não se revelar rentável desde que o Hospital Francisco Zagalo, no mesmo município, deixou de incluir serviço de urgência.

Maria José Coelho é diretora técnica da Farmácia Central e, embora reconhecendo à Lusa o caráter experimental da medida, adianta que a mudança vigorará até final de novembro, sendo que, até lá, se mantém a habitual escala de serviço indicando que estabelecimento funciona até às 24:00 e, a partir desse horário, a alternativa é contactar a linha telefónica com o número 1.400 - disponibilizada pela Associação Nacional de Farmácias para indicar a disponibilidade geográfica dos medicamentos em ‘stock’.

A linha 1.400 diz qual é a farmácia mais próxima disponível e o mais provável é que os clientes sejam encaminhados para o concelho de Santa Maria da Feira, porque também é lá que funciona o hospital a que a população de Ovar deve recorrer em caso de emergência médica", disse.

Para a decisão coletiva das cinco farmácias também contribuiu a perda de valências do Hospital Francisco Zagalo. "No verão do ano passado a Consulta Aberta ainda funcionava até à meia-noite, por Ovar ter muita gente que cá vinha passar férias, mas este ano nem isso", referiu Maria José Coelho, notando que esse serviço foi, entretanto, transferido para o Centro de Saúde e acabou por ser encerrado em março.

Feitas as contas, a diretora da Farmácia Central considera que abrir a farmácia durante a madrugada é uma prática de má gestão que tem de ser eliminada: "As pessoas não gostam que estejamos fechados, mas, se pensarem bem, vêm que temos razão. Não se justifica estar aqui um técnico ou farmacêutico toda a noite para garantir um serviço que não tem rentabilidade - e até dá é prejuízo, porque fica caro, sem motivar qualquer contrapartida".

Essa opinião é partilhada por Cátia Veiga, que, enquanto responsável pela Farmácia Lamy, admite que "as pessoas ficam muito preocupadas ao saberem do novo horário, por associarem a decisão a questões relacionadas com a pandemia", mas acabam por "perceber que a medida não tem nada a ver com a covid-19 e já era desejada há muito tempo" para melhorar a sustentabilidade financeira dos estabelecimentos em causa.

O nosso hospital não tem Serviço de Urgência, a Consulta Aberta passou para o Centro de Saúde de Ovar e funciona de uma forma que está longe de ser a ideal, e simplesmente não fazia sentido continuarmos a abrir durante a madrugada com tão baixa procura", justificou.

Cátia Veiga apela, por isso, a uma maior divulgação da linha telefónica 1.400, "para se evitarem viagens inúteis a pessoas que consultam na Internet escalas de serviço que estão desatualizadas" ou que se deslocam presencialmente às farmácias e, no seu estado aflitivo e sonolento durante a madrugada, "nem reparam na informação afixada na porta, com dados corretos sobre as alternativas disponíveis".

A mesma responsável referiu, aliás, que o recurso ao número 1.400 foi igualmente implementado no concelho vizinho de Espinho, cujo hospital também perdeu há anos o respetivo Serviço de Urgência, pelo que "a opção mais segura será sempre a deslocação a Santa Maria da Feira", onde a atividade do Hospital São Sebastião motiva que haja "sempre uma farmácia aberta 24 horas por dia".

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