Trabalhadores do hospital de Santarém contra "trabalho sem descanso" - TVI

Trabalhadores do hospital de Santarém contra "trabalho sem descanso"

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  • 15 nov 2017, 11:23
Hospital

Plenário à porta desta unidade de saúde quer chamar a atenção para a “grave falta de assistentes operacionais”

Trabalhadores do Hospital de Santarém estão a realizar um plenário à porta desta unidade de saúde para chamar a atenção para a “grave falta de assistentes operacionais” que está a obrigar a “trabalho sem descanso”, disse fonte sindical.

Luís Pesca, da direção distrital de Santarém do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA), disse à Lusa que, só no Hospital de Santarém, faltam uma centena de técnicos auxiliares de saúde, o que está a obrigar trabalhadores a fazerem turnos seguidos, sem as 12 horas de intervalo como obriga a lei, e “sem folgar aos sábados e aos domingos”.

Esta situação está “a pôr em causa a saúde e a segurança dos trabalhadores e a prestação de cuidados aos utentes”, disse Luís Pesca à Lusa, sublinhando que a situação é igualmente grave em outras unidades de saúde.

Além do plenário com concentração marcado para a manhã de hoje em frente ao Hospital de Santarém, o sindicato vai realizar uma ação idêntica na quinta-feira à tarde em frente à unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), onde, segundo o representante, a situação “é ainda mais caótica, mais gravosa”.

Luís Pesca afirmou que o sindicato tem realizado reuniões com os conselhos de administração das duas unidades hospitalares do distrito, nas quais tem sido informado dos esforços desenvolvidos junto da tutela para que sejam autorizadas contratações, sem sucesso, dadas as limitações impostas pelo Ministério das Finanças ao Ministério da Saúde.

O sindicato “oficiou” ainda o Ministério da Saúde e denunciou a prática de “horários ilegais” junto da Autoridade para as Condições do Trabalho, pelo que, dada a ausência de respostas e o agravamento da situação, nomeadamente devido ao aumento de baixas médicas entre os trabalhadores, decidiu avançar para este protesto, adiantou.

“Há cada vez menos trabalhadores nas enfermarias. Aos fins de semana há enfermarias que passam de quatro auxiliares para um”, disse, acrescentando que houve um dia do mês de outubro em que as Urgências do Hospital de Abrantes tiveram apenas dois auxiliares para 50 utentes.

As concentrações de hoje e quinta-feira são uma “chamada de atenção pública para o que se está a passar” e um alerta para que “alguém terá que se responsabilizar se alguma coisa correr mal”.

Luís Pesca afirmou que a realização de turnos duplos deixou de ser uma situação pontual – por exemplo para cobrir a falta de um colega que por algum imprevisto não se podia apresentar ao trabalho – para passar a constar do próprio escalonamento, o que é “manifestamente ilegal”.

“Os trabalhadores deixaram de ter direito a vida própria. Estão a entrar em desespero”, afirmou.

Luís Pesca disse que também faltam assistentes técnicos administrativos, o que tem gerado situações igualmente “caóticas” em vários centros de saúde do distrito.

Além da contratação e dos “horários de trabalho dignos”, os trabalhadores reclamam ainda a reposição das 35 horas semanais de trabalho e a criação da carreira de técnico auxiliar de saúde, afirmou.

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