São Pedro da Cova: dono de terreno e junta exigem estudo sobre perigosidade de resíduos - TVI

São Pedro da Cova: dono de terreno e junta exigem estudo sobre perigosidade de resíduos

  • 16 jan 2019, 16:38
Caso denunciado pela TVI chega a tribunal

Caso denunciado pela TVI chegou a tribunal em novembro de 2017. Entretanto, processo conta com dois requerimentos

 Um dos proprietários do terreno onde estão depositadas toneladas de resíduos em São Pedro da Cova, concelho de Gondomar, bem como a Junta de Freguesia local, exigem que seja feito um estudo sobre a perigosidade destes.

De acordo com requerimentos que constam no processo judicial, a que a agência Lusa teve hoje acesso, quer o proprietário José Lopes, quer a Junta de Freguesia de São Pedro da Cova, ambos assistentes no processo-crime sobre o caso, exigiram que sejam feitos "estudos e análises" sobre a perigosidade dos resíduos provenientes da Siderurgia Nacional, que laborou entre 1976 e 1996, na Maia.

Também o Ministério Público, ao tomar conhecimento destes requerimentos, apontou que, e conforme se lê numa missiva com data de dia 7, "deverá ser fixado um prazo curto de 15 a 20 dias para ser apresentado o relatório pericial".

Em causa está o facto de o Ministério do Ambiente ter garantido que o "risco" relacionado com as toneladas de resíduos perigosos depositados em São Pedro da Cova, Gondomar, "cessa" com a remoção, considerando "desajustado" o estudo exigido no final do ano passado pelo Tribunal Judicial do Porto.

Em resposta remetida ao tribunal onde corre o processo-crime, consultada pela Lusa no início deste ano, o gabinete do ministro João Pedro Matos Fernandes aponta que, "uma vez removida a massa de resíduos, cessa-se o risco, regressando o local às suas características iniciais".

Esta resposta resulta de um pedido do Tribunal Judicial do Porto para que o Governo esclarecesse com urgência se foi feito algum estudo sobre o "risco ambiental" e "risco toxicológico" às toneladas de resíduos depositados nas escombreiras das minas de São Pedro da Cova.

Ao tomar conhecimento, um dos proprietários do terreno, assistente no processo, sublinhou a necessidade de que sejam feitos estudos, considerando que a resposta da tutela mostra que "até à data - e volvidos quase 17 anos desde o término do despejo dos resíduos perigosos em São Pedro da Cova - não foi levado a efeito, por qualquer organismo público", vincando que a estes "pertence a responsabilidade de zelar pelo ambiente ou pela saúde pública".

Ambas as entidades [referindo-se ao Ministério do Ambiente e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte] apenas perspetivam, estimam, alvitram ou anseiam, que, com base nos elementos que têm na sua posse, ainda não se terá produzido qualquer dano às populações", refere o requerimento enviado por José Lopes.

O proprietário considera que o esclarecimento da tutela está "coxo de qualquer contributo técnico ou préstimo para sustentar uma conclusão segura sobre a existência ou ausência de perigo para a vida ou a integridade física das populações", concluindo: "por outras palavras, reconhecem a existência de tal perigo".

Por fim, no requerimento é sugerido que seja designado um novo perito e é defendido que este deve ter "a incumbência de concluir a perícia determinada" pelo tribunal, sendo sugerido o nome de Ricardo Jorge Dinis-Oliveira e referido que este técnico tem "especial e particular qualificação" em Toxicologia Ambiental.

Após esta sugestão, também a Junta de Freguesia de São Pedro da Cova afirmou "premente e essencial que a referida prova" pericial seja feita, considerando-a “indispensável ao apuramento da verdade material na presente lide".

Por sua vez, o Ministério Público afirma que, depois de “notificado dos requerimentos apresentados pelos assistentes", “nada tem a opor à nomeação como perito do professor Ricardo Jorge Dinis-Oliveira, tendo em conta a especificidade das suas habilitações académicas na área da identificação de crimes ambientais, em que é especialista".

Na base desta questão está um processo que visa o apuramento de responsabilidades quanto à deposição em São Pedro da Cova de toneladas de resíduos industriais perigosos, situação que remonta a 2001/2002.

O caso foi denunciado pela TVI e chegou a tribunal em novembro de 2017 pelo Tribunal São João Novo, no Porto. Cinco arguidos estão acusados, em coautoria, de um crime doloso de poluição com perigo comum, relacionado com a deposição daqueles resíduos. O processo implicava mais dois arguidos que, entretanto, morreram.

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