O Laboratório Militar vai produzir oito medicamentos que deixaram de ser fabricados pela indústria farmacêutica ou que têm baixa procura, prevê um despacho publicado nesta sexta-feira.
O Laboratório Militar reúne as condições técnicas e científicas para a sua produção, tendo-se identificado ainda a necessidade de se proceder à modernização das condições infraestruturais e a necessidade de um reforço dos meios humanos da instituição", consta no despacho assinado pelos ministérios da Saúde e da Defesa Nacional, hoje publicado em Diário da República.
O despacho estabelece, assim, um prazo de 90 dias para que o Laboratório Militar e a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) apresentem uma “proposta com as alterações legislativas necessárias” para que as Forças Armadas possam produzir aqueles medicamentos.
O Exército, após o parecer do Infarmed, deverá apresentar, num prazo de 120 dias, um plano para a “modernização das condições” de infraestruturas do Laboratório Militar para possibilitar a produção e armazenamento dos oito medicamentos.
O plano deve identificar o calendário e as “fontes de financiamento e da programação financeira da modernização do Laboratório” e, em colaboração com o ministério da Saúde, apresentar “no prazo de 120 dias, o modelo de negócio”, incluindo a “forma da relação contratual” entre as duas instituições.
Este despacho resulta das conclusões do grupo de trabalho entre os ministérios da Saúde e da Defesa Nacional criado em janeiro de 2017, que identificou oito medicamentos que “deixaram de ser produzidos pela indústria farmacêutica pelo seu baixo custo e/ou por serem utilizados em quantidades reduzidas”.
De acordo com uma resposta do Ministério da Defesa a perguntas do CDS-PP, noticiada pelo Público no passado dia 6, o Governo estima que serão necessários investimentos na ordem dos 16 milhões de euros durante dois anos.
O grupo de trabalho afastou a possibilidade de produzir medicamentos oncológicos “devido aos elevados requisitos técnicos e de segurança de produção exigidos”.
Entre os medicamentos que poderão ser produzidos estão um medicamento para a Doença de Wilson, um anti-inflamatório, um corticosteroide e um modificador biológico que normaliza o crescimento do cabelo, segundo noticiou, ainda, aquele diário.
O despacho determina ainda “a necessidade de um reforço dos meios humanos da instituição”, para garantir a “obtenção da Autorização de Introdução no Mercado, devendo o fabrico dos medicamentos pelo Laboratório Militar obedecer às Boas Práticas de Fabrico”.