OMS: “Há um certo pânico” com os casos que levaram à suspensão da vacina AstraZeneca - TVI

OMS: “Há um certo pânico” com os casos que levaram à suspensão da vacina AstraZeneca

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  • 16 mar 2021, 15:51
Organização Mundial de Saúde

Subdiretora-geral da Organização Mundial de Saúde considera que, face aos benefícios já comprovados, o risco de não tomar a vacina “é muito pior”

A subdiretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mariângela Simão, admitiu que se verifica um “certo pânico” na Europa devido aos casos que levaram à suspensão, por precaução, da vacina da AstraZeneca contra a covid-19.

Há um certo pânico e uma tomada relativamente rápida de decisão de suspender [o uso da vacina] – em alguns países foi a suspensão apenas de alguns lotes -, enquanto a OMS e a própria Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) estão a dizer claramente, que neste momento, é preciso investigar melhor”, afirmou a responsável da OMS para a área do acesso a medicamentos.

Num debate `online´ promovido pela agência Lusa, Mariângela Simão adiantou que a OMS e a EMA consideram que, face aos benefícios já comprovados, o risco de não tomar a vacina “é muito pior”, razão pela qual o fármaco da AstraZeneca deve continuar a ser administrado “até que as investigações terminem”.

Provavelmente até final desta semana já teremos um perfil geral de todos os casos” registados em vários países europeus e que levaram à suspensão da vacina, adiantou a médica, ao assegurar que os relatórios de agências regulatórias de outras partes do mundo “não mostraram nenhuma correlação” entre os eventos tromboembólicos e a administração da vacina.

Perante isso, trata-se de uma “mistura de pânico com uma medida de precaução em suspender a vacinação”, mas é importante que as “pessoas tenham confiança nos mecanismos existentes” de confirmação da segurança e eficácia das vacinas contra a covid-19, referiu.

Quando se fala de segurança e de eficácia das vacinas, as pessoas podem ter a certeza que não se tomou nenhum atalho e não se cortou nenhuma etapa nos estudos clínicos que levaram à autorização das vacinas que estão no mercado”, assegurou a subdiretora-geral da OMS a partir de Genebra.

Neste debate no âmbito da iniciativa dos “Encontros Lusa Online”, Mariângela Simão adiantou ainda que, no caso destes fármacos contra a covid-19, algumas farmacêuticas iniciaram a produção de vacinas antes de ser autorizada, o que lhes permitiu ter “algum produto para ser colocado no mercado” no momento em que foi dada a autorização para uso de emergência.

Todas as medidas de segurança e eficácia nos ensaios clínicos foram observadas”, garantiu a responsável da organização com sede na Suíça, salientando que os casos de tromboembolias “ocorrem na população em geral” e são mesmo a “terceira causa de doença cardiovascular no mundo”.

No caso da AstraZeneca, “há que esperar os resultados desta avaliação em profundidade que a OMS e a EMA estão a fazer. Toda a vacina, seja ela nova ou antiga no mercado, tem efeitos colaterais”, preconizou Mariângela Simão, ao reconhecer que a suspensão da vacina “pode criar mais elementos para as pessoas hesitarem” em ser vacinadas.

Na segunda-feira, as autoridades de saúde portuguesas decidiram suspender o uso da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 por "precaução".

A decisão foi anunciada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pela autoridade do medicamento (Infarmed) e surge após vários países europeus também já terem suspendido a administração desta vacina devido a relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.

Espanha, Itália, Alemanha, França, Noruega, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca, além de outros países, incluindo fora da Europa, já interromperam por “precaução” o uso da vacina da AstraZeneca, após relatos de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com doses do fármaco da AstraZeneca.

A empresa já disse que não há motivo para preocupação com a sua vacina e que houve menos casos de trombose relatados nas pessoas que receberam a injeção do que na população em geral.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.661.919 mortos no mundo, resultantes de mais de 122,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.707 pessoas dos 814.897 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

Todas as farmacêuticas “com problemas” de produção de vacinas

A subdiretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mariângela Simão, alertou que todas as farmacêuticas “estão com problemas” de produção de vacinas contra a covid-19, defendendo o aumento da capacidade instalada a nível mundial.

Todos os produtores estão com problemas, seja a Pfizer, seja a Moderna, seja a AstraZeneca. A estabilização da produção ainda não está fechada”, afirmou a responsável da OMS para a área do acesso a medicamentos num debate `online´ promovido pela agência Lusa sobre as vacinas contra o novo coronavírus.

Segundo a especialista, também a Johnson & Johnson, que recebeu recentemente autorização da OMS e da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) para a sua vacina de dose única, está “enfrentando problemas para estabilizar a produção e já avisou alguns dos países que vai entregar menos [vacinas] do que está nos contratos”.

Neste debate no âmbito da iniciativa dos “Encontros Lusa Online”, Mariângela Simão admitiu ainda ser possível que se verifique com o vírus SARS-CoV-2 “um cenário semelhante” ao da gripe, obrigando a campanhas de imunização sazonais e regulares das populações.

Por isso é importante pensar em ter a capacidade instalada que não há agora” para a produção de vacinas, através de polos regionais, defendeu Mariângela Simão, tendo em conta que os dados conhecidos ainda não permitem aferir se a “imunidade vai ser permanente ou não”.

A subdiretora-geral da OMS adiantou também que, neste momento, existem mais de 2.500 estudos no mundo sobre terapias diferentes para combater o SARS-CoV-2 e considerou que apenas no final do ano haverá perspetivas de “ter alguma coisa” em concreto nesta matéria.

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