Maria Flor Pedroso deixa a Direção de Informação da RTP - TVI

Maria Flor Pedroso deixa a Direção de Informação da RTP

  • AM - Notícia atualizada às 13:43
  • 16 dez 2019, 12:12
Maria Flor Pedroso

Jornalista colocou o lugar à disposição e o Conselho de Administração da RTP aceitou a sua saída

A diretora de informação da RTP colocou "o seu lugar à disposição" por considerar não ter "condições para a prossecução de um trabalho sério" e a administração aceitou por não ter "outra alternativa, sublinhando o seu "currículo irrepreensível".

Em comunicado, o Conselho de Administração da RTP refere que "recebeu uma comunicação da diretora de informação Maria Flor Pedroso a colocar o seu lugar à disposição, por esta considerar que, face aos danos reputacionais causados à RTP, não tem condições para a prossecução de um trabalho sério, respeitado e construtivo, como sempre tem feito".

Depois de "auscultação dos motivos invocados pela diretora e exclusivamente por esses motivos, o Conselho de Administração considera que não tem "outra alternativa que não seja aceitar essa decisão", agradecendo a "Maria Flor Pedroso, jornalista de idoneidade e currículo irrepreensível, o trabalho desenvolvido de forma dedicada, competente e séria enquanto diretora de informação de televisão da RTP".

Na carta enviada ao presidente da RTP, na qual pôs o lugar à disposição, a que a Lusa teve acesso, Maria Flor Pedroso afirma que o projeto profissional da direção liderada por si "nunca cedeu a motivação outra que não a da causa de uma informação livre, isenta, plural e independente".

"O projeto profissional a que esta direção se entregou, por mim liderada, nunca cedeu a motivação outra, que não a da causa de uma informação livre, isenta, plural e independente", refere a jornalista.

"Face à reiterada exposição pública de insinuações, mentiras e calúnias, à qual eu e a minha direção somos totalmente alheios, face aos danos reputacionais causados à RTP, considero não haver condições para a prossecução de um trabalho sério, respeitado e construtivo, como tentámos realizar ao longo deste ano de mandato", sublinha Maria Flor Pedroso.

A diretora de informação cessante refere ainda que: "A construção de realidades alternativas a partir de meias verdades, da qual se alimenta um certo tipo de jornalismo no qual não me revejo, é um dos problemas da sociedade atual que precisa de um jornalismo vigoroso e rigoroso, livre e independente, isento e plural para robustecer as sociedades democráticas".

"Tinha a expectativa de que - quando aceitei o seu convite que muito me honrou - ao escolher uma direção de enorme valia profissional, diversa nos curriculum, nas experiências e no género, formada por jornalistas com provas dadas da sua competência e rigor, de poder contribuir para prestigiar o serviço público de televisão e todos os que nele trabalham", acrescentou Flor Pedroso, que termina agradecendo ao presidente da RTP, Gonçalo Reis, "pela forma sempre leal e frontal" com que foram "ultrapassando os problemas que iam surgindo".

A demissão de Maria Flor Pedroso surge após a polémica que envolve a jornalista Sandra Felgueiras, que gerou um abaixo-assinado que teve 133 subscritores, entre os quais diretores e jornalistas da TVI e da SIC. 

Em causa está um relato feito pela coordenadora do programa, em 11 de dezembro, numa reunião com o Conselho de Redação (CR) a propósito do programa sobre o lítio, em que adiantou que o "Sexta às 9" estava a investigar suspeitas de corrupção no âmbito do processo de encerramento do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), que passava pelo alegado recebimento indevido de "dinheiro vivo".

Nesse âmbito, Sandra Felgueiras acusou Maria Flor Pedroso de ter transmitido informação privilegiada à visada na reportagem [diretora do ISCEM, Regina Moreira], o que a diretora de informação da RTP "rejeitou liminarmente", de acordo com as atas do CR e com a posição enviada à redação pela diretora de informação da RTP na passada sexta-feira, a que a Lusa teve acesso.

Na posição escrita sobre a "verdade dos factos", Maria Flor Pedroso garante que "nunca" informou a diretora do ISCEM sobre a investigação.

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