Pacheco Pereira, Correia de Campos e Nuno Portas doutorados ‘honoris causa’ pelo ISCTE - TVI

Pacheco Pereira, Correia de Campos e Nuno Portas doutorados ‘honoris causa’ pelo ISCTE

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  • 16 dez 2020, 18:35

Evento contou ainda com a cerimónia dos 48 anos daquela instituição

O Instituto Universitário de Lisboa atribuiu esta quarta-feira ao historiador José Pacheco Pereira, ao ex-ministro António Correia de Campos e ao arquiteto Nuno Portas doutoramentos ‘honoris causa’, numa cerimónia encerrada pelo Presidente da República.

O evento, no qual também se assinalou o 48º aniversário do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, contou com a presença de cerca de duas centenas de pessoas, entre elas, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues e vários membros do Governo.

Na abertura, a reitora e ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, justificou a atribuição do título aos doutorados pelos seus “serviços pelo bem comum” que são “parte da memória que se deve prolongar”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prestou homenagem a cada um dos doutorados 'honoris causa', começando por agradecer ao arquiteto Nuno Portas "uma vida de génio na arquitetura, na habitação, no urbanismo, no magistério, na formação, na intervenção social, na militância comunitária, na capacidade singular de recriar espaços, tempos e modos, tudo interligado ao serviço de Portugal".

Sobre o antigo ministro da Saúde António Correia de Campos, o chefe de Estado disse que teve "uma vida de exemplar devoção à causa púbica, na educação, na saúde, na modernização administrativa, nas políticas públicas, na pesquisa, na docência, na entrega constante à proclamação e efetivação de valores coletivos, também ao serviço de Portugal".

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o historiador e antigo deputado e eurodeputado do PSD José Pacheco Pereira por "uma vida de excelência na história, nas ciências sociais em geral, na biografia monumental, na pedagogia, na inteligência analítica, no combate mediático e político como um todo, pela liberdade e democracia" e destacou o seu contributo para o enriquecimento do património cultural – através do arquivo e biblioteca Ephemera – "também e ainda ao serviço de Portugal".

O primeiro homenageado foi o arquiteto e ex-secretário de Estado da Habitação e Urbanismo nos três primeiros governos provisórios após o 25 de Abril, Nuno Portas, pai do político centrista Paulo Portas, que esteve na cerimónia em sua representação, por motivo de doença.

Numa altura em que são tantos os jovens a interessarem se pelos temas da arquitetura e da cidade, procurando aí os fundamentos da sua cidadania e também no momento em que Portugal prepara um ambicioso plano de relançamento da sua economia, é importante voltar a Nuno Portas como base de reflexão e de investigação sobre o desenvolvimento dos territórios urbanos em áreas nucleares, como a habitação, a educação e a dignidade”, elogiou o professor doutor Paulo Tormenta Pinto.

Paulo Portas recebeu as insígnias e o diploma atribuídos ao arquiteto e, num discurso emocionado, relembrou o pai como “um homem inteiramente livre”, “um nómada do urbanismo”, que “escolheu um caminho difícil mas fê-lo”.

O ex-ministro da Saúde e ex-presidente do Conselho Económico e Social, António Correia de Campos, foi também homenageado e no seu discurso considerou que a sua vida “foi sempre guiada pelo serviço público”.

Muitas vezes tive mais ambição do que capacidade mas se a não tivesse jamais teria iniciado reformas que ainda hoje perduram, ainda que a metade. (…) Pode ter sido ambição a mais, mas alguma coisa ficará em conhecimento acrescentado”, declarou.

Por último, o historiador, analista político e ex-dirigente do PSD, José Pacheco Pereira, subiu ao púlpito para agradecer a distinção, lembrando que “a História não é fácil” mas que um dos objetivos do seu arquivo Ephemera é precisamente o de “abarcar a história grande a história pequena” numa “tentativa de criar um contínuo”.

Nos dias de hoje, sabemos até que ponto a defesa da memória é um elemento crucial da defesa da democracia, numa altura em que ela está sitiada por forças muito poderosas e quer no poder politico, quer em mutações na realidade, favorecem o crescimento de uma forma de ignorância agressiva contra as mediações da democracia, a começar pelas do saber e do conhecimento”, alertou o historiador.

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