Mortes nos Comandos: sete militares detidos já estão na prisão de Tomar - TVI

Mortes nos Comandos: sete militares detidos já estão na prisão de Tomar

Inquérito crime tinha, até ao momento, dois arguidos, que eram enfermeiros do Regimento. Ação da Polícia Judiciária Militar está a ser acompanhada pelo DIAP de Lisboa. Militares já chegaram ao Estabelecimento Prisional Militar, em Tomar

Sete militares foram detidos, nesta quinta-feira, pela Polícia Judiciária Militar, no âmbito do inquérito crime que decorre à morte de dois jovens do Curso de Comandos, confirmou a TVI24 junto de fonte militar.

Os detidos são o diretor da prova, os cinco instrutores do curso e o médico de serviço, apurou, ainda, a TVI24. Tratam-se de cinco oficiais e dois sargentos.

A Procuradoria-Geral da República acrescenta, em comunicado, que estes sete militares "são suspeitos da prática de crimes de abuso de autoridade por ofensa à integridade física" e vão ser presentes a um juiz de Instrução Criminal para aplicação de medidas de coação.

O Ministério Público adianta, também, que "as investigações prosseguem" e que, além dos crimes acima referidos, estão em causa factos susceptíveis de integrarem "crimes de omissão de auxílio".

Para além dos sete visados pelos mandados de detenção, o processo, a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, com a colaboração da Polícia Judiciária Militar, tem dois outros arguidos constituídos, dois enfermeiros, também eles militares.

Durante o 127.º curso de Comandos, morreram na sequência da instrução, que decorria no campo de tiro de Alcochete, dois jovens, Hugo Abreu e Dylan Silva. Ficaram ainda feridos mais 11 militares. 

Em comunicado, o Exército confirma, igualmente, a "detenção de sete militares, no âmbito do processo de inquérito instaurado pelo Ministério Público na sequência dos factos ocorridos durante o 127.º Curso de Comandos".

O Exército informa, também, que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, está a acompanhar a situação.

O anúncio destas detenções vai ao encontro daquilo que a TVI noticiou a 26 de outubro, de que haveria constituição de mais arguidos e que poderiam ir até às mais altas patentes do Curso de Comandos.

Dois militares morreram na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, que decorreu no dia 4 de setembro, e vários outros receberam assistência hospitalar.

Para além da investigação criminal, o Exército instaurou dois processos disciplinares por indícios de "prática de infração disciplinar".

Para além deste inquérito, decorre uma inspeção técnica extraordinária que incide sobre os referenciais do curso e o processo de seleção.

Até estar concluída essa inspeção, está suspensa a realização de mais cursos.

Ministro acredita que investigação "será exemplar"

O ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, reforçou hoje o empenho político em que a investigação criminal à morte de dois instruendos do 127.º curso de Comandos "aclare os factos", afirmando-se convicto de que "será exemplar".

Em declarações aos jornalistas em São Tomé e Príncipe, onde termina hoje uma visita oficial, Azeredo Lopes destacou o "empenho político" em que "estes factos fossem devidamente aclarados e avaliados por quem de direito, neste caso no quadro da investigação criminal".

E, acrescentou, "também queria deixar claro que não estou a presumir rigorosamente nada".

"A questão está transferida para a esfera do poder judicial, para a investigação criminal. Tenho a certeza de que será exemplar", disse.

O ministro recusou pronunciar-se sobre o conteúdo do comunicado da PGR, que refere que os sete militares são suspeitos da prática de crimes de abuso de autoridade e crimes de omissão de auxílio.

"Num caso desta natureza com o impacto que teve na perda de duas vidas e o perigo para outras é muito importante que se saiba como aconteceu, o que aconteceu e, se for caso disso, quem deve ser responsabilizado", comentou.

José Azeredo Lopes elogiou ainda a "competência" da Polícia Judiciária Militar e a atuação "exemplar" do Exército neste processo.

Sobre esta investigação, o ministro da Defesa afirmou que espera que esteja concluída em breve e que "se for caso disso" proponha as "alterações pertinentes para melhorar".

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