Salgado proibido de sair do país e de contactar outros arguidos - TVI

Salgado proibido de sair do país e de contactar outros arguidos

Antigo presidente do BES foi constituído arguido no processo Marquês, por suspeita de "crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada"

Ricardo Salgado foi ouvido, nesta quarta-feira, no âmbito da "Operação Marquês", na condição de arguido, deixando, ao início da noite, o tribunal sob três medidas de coação, nomeadamente o impedimento de se ausentar do país e de contactar outros arguidos no processo.

O antigo presidente do BES abandonou pelas 17:20 as instalações do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Lisboa, onde foi ouvido pelo procurador do Ministério Público Rosário Teixeira. Foi depois ouvido, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), pelo juiz Carlos Alexandre, que determinou as medidas de coação a aplicar ao arguido.

De acordo com comunicado divulgado pela Procuradoria-Geral da República, Carlos Alexandre "decidiu aplicar ao arguido as medidas de coação de proibição de ausência para o estrangeiro sem prévia autorização e de proibição de contactos com os restantes arguidos bem como com algumas pessoas e entidades com ligações ao Grupo Espírito Santo".

Ricardo Salgado, que também é arguido em outros dois processos, foi, segundo ainda a PGR, "indiciado por factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada".

A acusação deve ser deduzida até meados de março, mais de dois anos após o início da investigação, que a 20 de novembro de 2014 fez as primeiras detenções.

Num comunicado anterior, a PGR anunciara que a Operação Marquês, que tem como principal arguido o antigo primeiro-ministro socialista José Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, conta com "20 arguidos, 15 pessoas singulares e cinco coletivas".

Entre os arguidos conta-se também o ex-ministro socialista Armando Vara, o empresário Carlos Santos Silva e o empresário luso-angolano Helder Bataglia.

Carlos Alexandre é o juiz do TCIC encarregado deste processo, que investiga crimes económico-financeiros.

Entre os 20 arguidos na Operação Marquês estão João Perna, ex-motorista do antigo primeiro-ministro, os empresário Joaquim Barroca, Paulo Lalanda de Castro (administrador da Octapharma em Portugal e arguido noutros processos), Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro, Inês Pontes do Rosário (mulher de Carlos Santos Silva), o advogado Gonçalo Trindade Ferreira, e Bárbara Vara, filha de Armando Vara, bem como a ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava.

Salgado diz-se "surpreendido"

À saída do tribunal, Ricardo Salgado, em declarações aos jornalistas, manifestou-se "surpreendido" por ter sido interrogado como arguido na "Operação Marquês".

Eu continuo a colaborar com a Justiça. [Estive] sempre disponível para colaborar com a Justiça desde o primeiro dia”, afirmou, após o primeiro interrogatório judicial,

Questionado sobre se ficou surpreendido com a diligência de hoje, respondeu: “Não deixei de ser surpreendido, mas é claro que é assim. A justiça tem o direito de investigar tudo e nós cá estamos para corresponder.”

Também o advogado do ex-banqueiro falou em surpresa.

Do ponto de vista do que está aqui em causa não nos surpreende estarmos na Operação Marquês, porque lemos as notícias. Mas surpreende bastante do ponto de vista dos factos e das provas que o doutor Ricardo Salgado esteja na Operação Marquês, porque, efetivamente, como todos têm percebido, as teses da investigação neste processo atropelam-se uma à outra”, afirmou aos jornalistas o seu defensor, Francisco Proença de Carvalho.

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