Os dentistas podem acabar com o acordo com a ADSE - o subsistema de saúde dos funcionários públicos - caso se mantenha a proposta das novas tabelas de preços. A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) considera-as “absolutamente incompatíveis com tratamentos de qualidade”.
O bastonário Orlando Monteiro da Silva disse à Lusa que as regras e preços da ADSE para a medicina dentária devem fazer com que os dentistas deixem de ter acordo com o subsistema dos funcionários públicos.
Esta nova proposta de tabela [da ADSE] é mais do mesmo à custa dos profissionais de saúde, afetando os utentes da ADSE. Há um conjunto de situações que estão a limitar os utentes da ADSE a aceder a tratamentos de qualidade, quer ao nível das incompatibilidades entre tratamentos, quer ao nível dos preços propostos nos atos de medicina dentária”.
Ou seja, “a Ordem dos Médicos Dentistas é frontalmente adversa” a esta proposta da ADSE. “Há muita gente insatisfeita e a posição da Ordem dos Médicos Dentistas é muito clara. A manterem-se as atuais regras devem os médicos dentistas aderentes à convenção ponderar retirarem-se desta convenção”, insistiu.
Há dois anos que a OMD está a tratar deste assunto num grupo de trabalho conjunto com a ADSE, tendo chegado até a um acordo, sendo que a sua implementação foi sucessivamente adiada, acrescentou.
A proposta que vem vai ao arrepio do que tinha sido firmado e faz tábua rasa do que tinha sido decidido”
Para Orlando Monteiro da Silva os preços praticados são incompatíveis com tratamentos de qualidade e dá exemplos:
- a ADSE paga por uma extração dentária cerca de 11 euros
- pelo tratamento de um dente paga 17
- por uma consulta paga pouco mais de 7 euros
Esta semana, também o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, classificou como “absolutamente escandalosos” os preços que a ADSE paga por alguns atos médicos, que muitas vezes não chegam sequer para as despesas do material usado em exames.
Os preços que a ADSE tem praticado são absolutamente escandalosos. Existem alguns atos médicos, como as biopsias da próstata, endoscopias urológicas, entre outros, em que a remuneração paga pela ADSE nem sequer serve para cobrir as despesas do material que é utilizado para os exames”.
O representante dos médicos afirma que tem recebido, de forma reiterada, queixas sobre os preços pagos pela ADSE, reclamações que chegam sobretudo da medicina privada.
A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada considera que as novas tabelas da ADSE representam "perdas incomportáveis" para os privados e podem pôr em causa o acesso dos beneficiários aos cuidados de saúde.
Segundo os jornais Expresso e Público, a Associação escreveu uma carta aos ministros das Finanças e da Saúde depois de aprovada a nova tabela da ADSE que deve entrar em vigor a 1 de março.
De acordo com a Associação, as tabelas reduzem o valor pago aos prestadores de serviços que têm convenção com o sistema e reforçam o controlo das despesas públicas.