Sindicatos dos motoristas criticam medidas do Governo para contornar greve - TVI

Sindicatos dos motoristas criticam medidas do Governo para contornar greve

  • SL
  • 18 jul 2019, 15:25

SIMM revelou “total surpresa” relativamente às afirmações do secretário de Estado, uma vez que os sindicatos ainda estão à espera de ser chamados para uma reunião onde vão ser decididos os serviços mínimos a cumprir durante a greve

Os sindicatos dos motoristas que entregaram um pré-aviso de greve a começar em 12 de agosto estão surpreendidos com as declarações do secretário de Estado da Energia, disseram esta quinta-feira à Lusa fontes sindicais.

As declarações são completamente despropositadas”, reagiu assim o secretário da Assembleia do Sindicato de Motoristas de Mercadorias (SIMM), Anacleto Rodrigues, às declarações de João Galamba à TSF e ao Dinheiro Vivo de que está a ser preparada “uma rede de abastecimento de emergência” de combustíveis, caso a greve dos camionistas a partir de 12 de agosto aconteça e não sejam cumpridos os serviços mínimos.

O SIMM revelou “total surpresa” relativamente às afirmações de Galamba, uma vez que os sindicatos ainda estão à espera de ser chamados para uma reunião onde vão ser decididos os serviços mínimos a cumprir durante a greve.

Também contactado pela agência Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Francisco São Bento, considerou que estas declarações revelam uma preocupação por parte do Governo em “contornar o problema em vez de encontrar uma solução” para as reivindicações dos motoristas.

O secretário de Estado da Energia disse hoje numa entrevista ao Dinheiro Vivo e à rádio TSF que “o Governo está preparado para o que vier a acontecer” na eventualidade de uma greve geral de camionistas no dia 12 de agosto, acrescentando que está já a ser preparada “uma rede de abastecimento de emergência” com um mês de antecedência.

João Galamba disse também que o Governo está a trabalhar na definição de serviços mínimos.

Se acontecer algo semelhante ao que aconteceu na última greve, teremos no terreno um dispositivo que identifica os abastecimentos prioritários, os postos que têm de ser abastecidos, os circuitos que abastecem esses postos, bem como depois a necessidade de motoristas que garantam esses abastecimentos. Iremos definir os serviços mínimos e esperamos que sejam cumpridos, mas se não forem temos medidas alternativas”, sublinhou.

O governante adiantou que “já está também preparada uma ‘task force’ especial da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), com procedimentos internos por parte da sua própria rede de emergência de postos de abastecimento (REPA), que depois se articula com as forças de segurança para a operacionalização da rede alternativa”.

Haverá um acompanhamento muito próximo de vários membros do Governo, das áreas da Energia, Transportes, Administração Interna, como na greve anterior”, salientou.

Questionado sobre como vai ser no Algarve, onde muitos portugueses vão estar a passar férias e onde o gás natural não chega por gasoduto, João Galamba disse que estão a “ser criadas condições”.

Há locais de abastecimento de gás no Algarve que são prioritários e estão incluídos na rede de emergência que referi. Mesmo num cenário de greve e quebra dos serviços mínimos, esse abastecimento e os consumos na região estão garantidos”, indicou.

Os sindicatos representativos dos camionistas não chegaram a acordo com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e entregaram um pré-aviso de greve, com início em 12 de agosto, após uma reunião de quase cinco horas, sob a mediação do Ministério do Trabalho.

O pré-aviso de greve dos sindicatos Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Independente dos Motoristas de Mercadorias propõe serviços mínimos de 25% em todo o território nacional, enquanto na greve de abril eram de 40% apenas em Lisboa e Porto.

Criado no final de 2018, o SNMMP tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que durou três dias, levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.

A elevada adesão à greve deixou sem combustível grande parte dos postos de abastecimento do país.

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE