A Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa anunciou este sábado o cancelamento da iniciativa e criticou a Direção-Geral da Saúde (DGS), que emitira parecer desfavorável.
A marcha estava prevista para hoje.
“Apesar das tentativas de contacto continuadas ao longo de dois meses, no sentido de preparar este evento com as melhores condições, recomendações e segurança possíveis, apenas na véspera a Direção-Geral da Saúde remeteu (…) um parecer desfavorável”, o que impossibilitou “a implementação de medidas de segurança adicionais ou modelos alternativos de marcha, além de não permitir uma desconvocação responsável da mesma”, que estava prevista para hoje.
A emissão de um parecer tão desfavorável num momento em que já nem um cancelamento público é eficaz acaba por se traduzir, na prática, numa forma encapotada de limitação de direitos políticos, em concreto, do direito de manifestação”, argumentou a organização em comunicado.
“Sentimos que a DGS demonstrou uma desconsideração pelas sucessivas tentativas de contacto para planeamento duma marcha política segura, e ainda um profundo desconhecimento sobre a sua natureza e o que esta representa para a nossa comunidade”, pode ler-se na mesma nota.
A 22ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa foi cancelada. Saibam mais aqui: https://t.co/GgN3ejrjkf
— Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa (@lgbtilisboa) June 19, 2021
A organização sustentou ainda que “as medidas de mitigação recomendadas (…) para a realização de uma marcha num momento mais favorável (leia-se adiamento da manifestação) incluem um conjunto alargado de pontos inexequíveis”.
Em causa está a recomendação de medição de temperatura corporal, existência de instalações sanitárias de isolamento e um registo de todas as pessoas participantes, detalhou.
“Algumas recomendações levantam questões quanto à sua constitucionalidade e legalidade, merecendo uma enorme preocupação por parte da Comissão Organizadora da Marcha de Orgulho LGBTI+ de Lisboa”, salientou.
“Consideramos este parecer e o tempo em que chegou um desrespeito e erro político”, concluiu a organização.