Covid-19: megaoperação no Porto de Lisboa para repatriar 1.338 passageiros de cruzeiro - TVI

Covid-19: megaoperação no Porto de Lisboa para repatriar 1.338 passageiros de cruzeiro

  • CM - notícia atualizada às 14:15
  • 22 mar 2020, 10:33

A bordo estão 27 passageiros de nacionalidade portuguesa, sendo os restantes provenientes de 38 países (maioritariamente da União Europeia, Reino Unido, Brasil e Austrália).

Está a decorrer uma megaoperação no Porto de Lisboa para repatriar 1.338 passageiros do navio de cruzeiro MSC Fantasia, proveniente do Brasil, informa o Ministério da Administração Interna (MAI), neste domingo.

A bordo estão 27 passageiros de nacionalidade portuguesa, sendo os restantes provenientes de 38 países, maioritariamente da União Europeia, Reino Unido, Brasil e Austrália.

Tendo em conta o Estado de Emergência e fazendo cumprir as determinações vigentes, de modo a assegurar a saúde pública, a Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Autoridade Nacional da Aviação Civil, a Direção Geral da Saúde, a Polícia de Segurança Pública, a Polícia Marítima, a Autoridade Tributária e a ANA - Aeroportos de Portugal, iniciam hoje uma operação conjunta, que decorrerá ao longo dos próximos dias, para o repatriamento de 1.338 passageiros que se encontram no navio de cruzeiro MSC Fantasia, proveniente do Brasil", explica o MAI.

Os cidadãos portugueses e os titulares de autorização de residência em Portugal vão fazer, durante a tarde, os testes de despistagem da Covid-19, "podendo desembarcar se os resultados forem negativos".

A operação decorre em articulação com diversas embaixadas dos países envolvidos.

O navio acostou esta manhã no Porto de Lisboa e os passageiros permanecem no navio para a realização de todos os procedimentos previstos para o desembarque, designadamente a autorização por parte da autoridade de saúde", lê-se no comunicado.

A partir de terça-feira, e depois de verificados todos os procedimentos de autorização por parte da autoridade de saúde, "desembarcarão os restantes passageiros do navio, que, em trânsito, serão escoltados ao aeroporto Humberto Delgado para voos humanitários de regresso aos seus países de origem".

Todos os cidadãos a bordo do navio serão objeto de testes de despistagem

A diretora nacional do SEF, Cristina Gatões, garantiu que todos os passageiros do MSC Fantasia “terão de ser objeto de testes de despistagem” ao novo coronavírus.

Em declarações aos jornalistas, a diretora nacional do SEF deixou claro que “o processo relativamente aos portugueses demorará, para já, o tempo que for necessário para a Direção-Geral da Saúde fazer os procedimentos de início dos testes e obter o resultados em segurança”.

Todos os cidadãos que estão a bordo deste navio para poderem desembarcar terão de ser objeto de testes de despistagem e isso é feito pela Direção Geral da Saúde e serão feitos à medidas que houver possibilidade de proceder ao seu embarque para que regressem aos países de origem”, assegurou.

Familiar relata “desespero” entre passageiros

Entre os mais de 1.300 passageiros que chegaram hoje a Lisboa há famílias em "desespero" com a situação de repatriamento, inclusive portugueses que têm filhos que nasceram no Brasil e não têm ainda dupla nacionalidade.

"É triste saber que há pessoas ali, que têm famílias, que estão no mesmo desespero que eu estava até ainda há pouco", disse à TVI Daisye Quinta, que se encontra junta ao Porto de Lisboa a aguardar que a mãe e a filha, de 72 e 30 anos, respetivamente, possam sair do navio.

Muitos dos passageiros encontram-se no cimo do navio, observando o aparato dos meios de comunicação, em busca de respostas sobre o que vai acontecer, com o som da sirene a despertar frequentemente.

"Ainda não estou muita calma, porque ainda não tenho elas aqui ao pé de mim, mas é muito complicado, inclusive sei de portugueses, que estão lá dentro, que têm filhos brasileiros, nasceram no Brasil, não tem ainda cidadania [portuguesa] e não podem sair, porque não há lógica deixarem os filhos no navio", indicou Daisye Quinta, a única familiar que se encontra junto ao navio, pois há três dias que tinha informação de que atracariam em Lisboa.

Segundo esta familiar, o que estava previsto é que o navio atracasse em Cascais, não no Porto de Lisboa, como aconteceu.

Saíram do Brasil dia 10 deste mês e a rota foi mudada toda, por causa disso [da pandemia Covid-19], não puderam parar em praticamente lugar nenhum, vieram direto para Lisboa", disse Daisye Quinta, acrescentando que, "até ao dia 16 [segunda-feira], estava tudo tranquilo, porque não sabiam de nada".

A partir de terça-feira, os passageiros começaram a ter acesso a internet e a televisão, o que "foi um caos".

"Toda a gente lá tensa, toda a gente nervosa, porque não sabe o que é que vai acontecer, não sabe para onde é que vão, se vão deixar assim ou não, foi bem complicado", expôs.

 

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