Greve dos técnicos de diagnóstico com adesão global de 85% - TVI

Greve dos técnicos de diagnóstico com adesão global de 85%

  • AR - atualizada às 12:45
  • 22 jun 2018, 09:01

Protesto, motivado por questões salariais, afeta sobretudo as consultas externas, as colheitas e o RX”, com alguns serviços "a atingirem os 100%", revela sindicato

A greve dos técnicos de diagnóstico, que arrancou às 00:00 de hoje, tem uma adesão global na ordem dos 85%, com alguns serviços a atingirem os 100%, revelou o sindicato destes profissionais de saúde.

Em declarações à agência Lusa, Luis Dupont, do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, explicou que, “de uma maneira geral, os grandes serviços têm níveis de adesão elevados”, recordando que, enquanto profissionais de saúde, de acordo com a lei, estes profissionais têm de cumprir serviços mínimos.

O levantamento que temos desta greve, que abrange instituições de norte a sul do país, aponta para uma adesão que ronda os 85% a nível global, mas com serviços a 100% e outros serviços com valores mais baixos, na ordem dos 60 a 70%”, afirmou.

Luis Dupont explicou que há serviços que não têm serviços mínimos e que, nos que têm, os grevistas são igualmente contabilizados como estando em greve, apesar de estarem obrigados a cumprir os serviços mínimos.

Quando dizemos que há serviços que, tendo serviços mínimos, estão a 100%, é porque os grevistas, apesar de estarem a cumprir serviços mínimos, são contabilizados como grevistas. As pessoas têm a obrigação legal de estar presentes a cumprir serviços mínimos, mas estão em greve”, acrescentou.

Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram às 00:00 de hoje uma greve em protesto contra questões salariais e contra a contagem de anos de serviço para efeitos de progressão na carreira, depois de terem estado paralisados no mês passado.

Segundo o sindicato, esta greve surge depois de o Governo, no dia 28 de maio, ter comunicado novamente o encerramento da negociação.

Em declarações anteriores à Lusa, Luis Dupont explicou que o Governo apresentou “uma ligeira alteração” à tabela salarial, face à última proposta, dizendo que “não havia condições para apresentar matérias e questões” que são essenciais para estes profissionais.

Não é só uma questão da tabela salarial é também a questão da transição dos trabalhadores da atual carreira para a nova tabela e a contagem do tempo de anos de serviço na atual carreira”, disse, considerando “inaceitável o que Governo está a fazer na negociação”.

Face a esta situação, os sindicatos solicitaram, no dia 5 de junho, “uma negociação suplementar face àquilo que é a lei e o enquadramento legal sobre esta matéria”, mas até ao momento não houve nenhuma resposta por parte dos ministérios da Saúde e das Finanças.

Perante este impasse, estes profissionais de saúde decidiram voltar hoje à greve, que se repete a 13 de julho. A partir de 01 de julho irão realizar uma greve às horas extraordinárias por tempo indeterminado.

Para as 16:30, está marcada uma concentração junto à Assembleia da República, seguindo em marcha até ao Terreiro do Paço, residência oficial do primeiro-ministro, onde os profissionais vão ficar em vigília e entregar um manifesto ao primeiro-ministro.

No documento, os técnicos de diagnóstico e terapêutica explicam que o manifesto representa “uma tomada de posição” junto do primeiro-ministro e visa que “o assunto seja discutido no seio do Governo no sentido de não se dar por encerrado” o processo negocial “de forma unilateral”.

Expõem ainda as suas reivindicações, entre as quais um ajuste da tabela salarial, a transição para novas carreiras e o descongelamento de escalões.

Adesão de 95% no Norte e para colheitas de sangue no S. João

A adesão à greve de hoje dos técnicos de diagnóstico e terapêutica ronda os 95% nos hospitais da região Norte, com nenhuma colheita de sangue feita nas unidades do São João e Santo António (Porto), disse fonte sindical.

Os últimos dados da manhã de hoje indicam que a adesão à greve nas unidades hospitalares do Norte ronda os 95%”, declarou à Lusa Alexandra Costa, dirigente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, referindo que nenhuma colheita de sangue foi feita hoje no Hospital de São João, mas onde costuma ser feitas entre “400 a 500 colheitas por dia”.

No período da manhã de hoje, que arrancou pelas 08:00, a adesão à greve no Hospital de Santo António (Porto) era de 97%, no Hospital Pedro Hispano (Matosinhos) era de 92% e no São João (Porto) era de 90%, acrescentou Alexandra Costa, explicando que só estão a ser garantidos os serviços mínimos no “apoio à urgência” e ao “internamento urgente”.

Os serviços de apoio à consulta externa, como radiologia, análises clínicas, fisioterapia, cardiologia estão encerrados” naqueles três hospitais citados pelo sindicato, acrescentou Alexandra Costa.

Região Centro com adesão de 85%

A adesão à greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica está a rondar os 85% na região Centro, registando-se valores de 100% em alguns serviços, disse à agência Lusa fonte sindical.

Na região Centro, a média da adesão à greve "ronda, em média, os 85%", havendo serviços fechados ou apenas com serviços mínimos, afirmou o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, Fernando Zorro.

Segundo o dirigente sindical, "há hospitais a 100%, centros de saúde a 100%" e serviços, que não têm urgência, fechados, como é o caso de fisioterapia ou terapia da fala.

Outros serviços com urgência estão apenas com os serviços mínimos, acrescentou.

De acordo com Fernando Zorro, em Coimbra e em Viseu regista-se uma adesão média de 85%, em Leiria próxima dos 100% e em Aveiro de 80%.

Adesão de 90% a 100% no Alentejo

Exames de radiologia, análises clínicas e serviços de fisioterapia cancelados são os principais efeitos da greve de hoje dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica no Alentejo, onde a adesão situa-se "entre 90% e 100%", segundo fonte sindical.

No Alentejo, a adesão à greve nas unidades públicas de saúde situa-se, em média, "entre 90% e 100%", disse à agência Lusa Vítor Hugo Rego, dirigente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica.

Na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, que gere o hospital de Beja e os centros de saúde de 13 dos 14 concelhos do distrito de Beja (a exceção é Odemira), a adesão à greve situa-se "entre 95% e 100%", indicou o sindicalista, referindo que o mesmo acontece no Hospital do Espírito Santo e nos centros de saúde do distrito de Évora.

A adesão à greve nos serviços de exames de radiologia e cardiologia, análises clínicas, farmácia, audiometria e terapia da fala é de 100% nos hospitais de Beja e Évora, onde "só estão a ser assegurados serviços mínimos".

Nos hospitais de Beja e Évora, também é de 100% a adesão à greve nos serviços de fisioterapia, que "estão completamente encerrados", porque não há a obrigatoriedade de assegurar serviços mínimos.

Nos hospitais de Beja e Évora, exames de radiologia [TAC, ecografia e RX] e análises de rotina foram cancelados, tendo "as cirurgias de ambulatório que dependam do apoio de análises e exames de técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica sido canceladas e adiadas".

No hospital de Beja, "a farmácia apenas está a assegurar a medicação para doentes oncológicos e internados e pouco mais", disse.

Na Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, que gere os hospitais de Portalegre e de Elvas e os centros de saúde do distrito de Portalegre, a adesão à greve situa-se também "entre 90 e 100%".

No hospital de Portalegre, a adesão dos serviços de análises clínicas e de radiologia é de 100% e "só estão a ser assegurados serviços mínimos".

O serviço de radiologia do hospital de Elvas é "o único" de uma unidade de saúde pública no Alentejo onde se regista "uma baixa adesão" à greve, de "30%".

Na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, que gere o hospital de Santiago do Cacém e os centros de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira, a adesão situa-se "entre 90% e 100%".

No hospital de Santiago do Cacém, a adesão nos serviços de análises clínicas, exames de cardiologia e farmácia é de 100% e "só estão a ser assegurados serviços mínimos", disse, referindo que o serviço de radiologia está a funcionar normalmente, porque está concessionado a uma entidade privada.

Adesão superior a 90% no Algarve

A adesão à greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica nos hospitais de Faro e de Portimão, no Algarve, é superior a 90% em alguns serviços, como o de radiologia e análises clínicas, disse hoje à Lusa fonte sindical.

Quer no hospital de Faro, quer no de Portimão, a adesão é superior aos 90%, nalguns casos muito próxima dos 100%, à semelhança do que acontece por todo o país", disse à Lusa José Abraão, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP).

De acordo com José Abraão, a greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica está a afetar serviços como a radiologia, colheitas de sangue e análises clínicas nos hospitais de Faro, Portimão e de Lagos, unidades de saúde que compõem o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA).

"Os serviços não encerraram por completo, porque estão assegurados os serviços mínimos", frisou.

Exames cancelados em Ponta Delgada

A greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica está a provocar o cancelamento de vários exames no Hospital de Ponta Delgada, a maior unidade de saúde dos Açores, afetando particularmente a realização de análises e radiografias, afirmaram utentes.

“Não sabia que hoje era greve e vim em vão”, disse à agência Lusa Maria Carolina, que lamentou ter-se deslocado da freguesia de São Roque, também no concelho de Ponta Delgada, até ao Hospital do Divino Espírito Santo, para realizar análises que foram canceladas.

À saída da unidade de saúde o utente Miguel Maurício reclamava também por não realizado analises ao sangue agendadas para hoje, mas canceladas devido à paralisação.

Já José Batista manifestou satisfação por ter sido atendido pelo médico para uma consulta “há muito agendada”.

“Desconhecia ser greve, mas quando cheguei ao hospital fiquei com receio de ter a minha consulta cancelada”, sublinhou.

Contudo, para a utente Helena Bairos a ida ao Hospital de Ponta Delgada para realizar um raio-x ao joelho foi "em vão": “Não fiz a radiografia e nem sabia que estavam em greve”, frisou.

Quanto ao Centro de Saúde de Ponta Delgada, que funciona perto do Hospital, a greve não está a provocar constrangimentos, segundo afirmaram utentes entrevistados pela Lusa.

 

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