Cheias no Mondego com primeiros sinais de diminuição do grau de risco - TVI

Cheias no Mondego com primeiros sinais de diminuição do grau de risco

  • CE
  • 23 dez 2019, 14:40

Declarações do Comandante Distrital de Operações de Socorro de Coimbra, Carlos Luís Tavares, numa conferência de imprensa em Montemor-o-Velho

A situação de cheia na bacia do Mondego começou a ter esta segunda-feira os primeiros sinais positivos de melhoria e diminuição do grau de risco, disse o Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Coimbra.

Depois de uma luta desigual contra as forças da natureza nestes últimos dias, começámos a ter hoje os primeiros sinais positivos de melhoria", disse Carlos Luís Tavares aos jornalistas, numa conferência de imprensa realizada em Montemor-o-Velho.

O comandante operacional frisou que para a melhoria registada contribuiu a diminuição do caudal no leito central do rio Mondego.

O débito atual situa-se nos 646 metros cúbicos por segundo (m3/s) no Açude-Ponte de Coimbra, cerca de metade do valor indicativo de cheia, que é de 1.200 m3/s, e mais de três vezes inferior ao caudal registado no sábado, que ultrapassou o limite de segurança de 2.000 m3/s.

Para esta melhoria contribuíram as condições meteorológicas favoráveis e o facto de a barragem da Agueira estar a libertar água "nos caudais mínimos", de cerca de 400 m3/s.

Apesar dos "sinais claros de melhoria e diminuição do grau de risco" evidenciados por Carlos Luís Tavares, com "menos caudal e menos intensidade", o comandante operacional avisou que o "risco de cheia continua".

O CODIS frisou que os meios da Proteção Civil municipal e da autarquia de Montemor-o-Velho vão continuar a reforçar o talude direito do leito periférico do rio - fronteiro à margem oposta que no domingo sofreu um colapso - e que constitui a "única salvaguarda" das populações da vila de Montemor-o-Velho e da aldeia de Ereira.

Todos estes terrenos estão cheios de água e vão permanecer durante muitas semanas com água. Há necessidade das pessoas se manterem atentas porque, a qualquer momento, poderá haver o efeito de cheia", avisou Carlos Luís Tavares.

 

Não será com o mesmo grau de gravidade, mas não deixamos de ter isso em consideração", adiantou.

Com as duas roturas de diques ocorridas, o CODIS de Coimbra alertou também que ao longo do inverno o município de Montemor-o-Velho "vai ficar vulnerável".

Há um trabalho intenso, depois, a seguir, de recuperação, de normalidade. Há estradas municipais no concelho de Montemor que vão ficar interditas durante semanas e portanto isto não se vai resolver para já", argumentou.

Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, num balanço feito esta segunda-feira às 10:00, disse que o distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação, apesar de o número de ocorrências ter "baixado significativamente", esperando-se a redução do caudal no leito do rio Mondego nos próximos dias.

 

Agricultores do Mondego dizem que água poderá ficar meses nos campos

O presidente da cooperativa agrícola de Montemor-o-Velho diz que a água acumulada nos campos de cultivo do Baixo Mondego poderá ali ficar meses e antecipa prejuízos gravíssimos para o regadio pela areia arrastada pelo rio.

Em declarações à Lusa, Armindo Valente estimou que com a situação de cheia que afeta aquela zona desde sábado "praticamente a totalidade da área de cultivo do Baixo Mondego [entre 5.000 a 6.000 hectares, o equivalente a mais de 8.500 campos relvados de futebol] está debaixo de água".

Uma parte pelas inundações provocadas pelo Mondego, outra pelos afluentes, pelo Pranto, Arunca e Foja, mas está tudo debaixo de água", reforçou.

Numa elevação da localidade de Meãs do Campo, Armindo Valente olha o vale do Mondego submerso e assinala, à distância, o visível rombo no dique direito do canal principal - que ruiu sábado entre as pontes de Pereira e Formoselha, sensivelmente na mesma zona de um outro ocorrido aquando das cheias de 2001.

O agricultor estima "prejuízos gravíssimos e bastante avultados" para as infraestruturas de regadio e drenagem da planície agrícola, quer por ação da inundação - que há 18 anos arrancou caixas de rega e entulhou valas, entre outros danos - mas também pela areia arrastada pelo rio para dentro dos campos.

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