Vai dar uma Curva pelos 70 km da Estrada Nacional 258, um especial de Natal no Jornal das 8 - TVI

Vai dar uma Curva pelos 70 km da Estrada Nacional 258, um especial de Natal no Jornal das 8

  • 23 dez 2021, 21:27

Podia haver Natal sem curvas, mas há gente com gente nos caminhos menos prováveis, para mais uma série de três reportagens “Vai dar uma Curva”, desta vez com percursos alternativos na quadra natalícia

“Não é só o cante, é o que a gente sente”. O reparo do “ponto” Luís Beguino podia ser a metáfora de um país que se revela quando saímos das vias rápidas. Uma estrada é mais do que uma partida e uma chegada. A nova série de reportagens da “Vai dar uma Curva”, percorre estradas menos prováveis, à procura desse país de lugares, património, encontros e pessoas. Sobretudo, pessoas.

São três reportagens. Na primeira, emitida já no sábado, dia 18, os repórteres Joaquim Franco e Ricardo Silva (imagem) percorreram cerca de 70 quilómetros da Estrada Nacional 258.

Começaram com os “Papa Borregos”, grupo de cantares alentejanos do Alvito, a cantar “ao Menino”, e terminaram na igreja de N. Sra da Coroada, a sul de Safara, antiga ermida do século XIII, no meio da planície, um monumento em ruínas, ao abandono desde o início do século XX, de paredes esburacadas pelo tempo e pelas intempéries, com sinais de vandalismo e roubo, mas que mantém parcialmente um mural do século XVI a retratar a adoração dos reis magos. 

O historiador José António Falcão, que passou anos a estudar o património religioso na diocese de Beja, avisa que se trata de um extraordinário exemplar maneirista no Baixo-Alentejo, à espera de ser intervencionado sob risco de ruir e desaparecer o que resta.

Pelo caminho, “Vai dar uma Curva” leva-nos à Villa romana de São Cucufate, a uma adega de vinho da Talha, em Vila de Frades, onde, diz o “professor” Arlindo, decano produtor, o vinho não se fabrica, “faz-se como se fosse artesanato”.

Ali ao lado, mergulhamos nas ruas estreitas da Vidigueira para visitar um atelier que dá forma alentejana ao presépio de barro. O ceramista Manuel Carvalho não tem descanso nestes dias, há colecionadores de presépios à espera e um calendário de exposições a cumprir. Há mais de 30 anos que molda o barro e tem adaptado o presépio aos temas alentejanos. Em 2021 inspirou-se precisamente na produção local de vinho, com Maria e José nos contornos da talha de barro.

Esta “curva” leva-nos ainda à padaria da avó Joana, que aos 82 anos continua a controlar o pão que sai do forno. “É verdadeiramente alentejano, mas não tem chapéu”, diz ela, disponível para conversas longas, assim o visitante esteja disponível.

Ouvimos ainda o “baldão”, adaptado pelo grupo Sol do Guadiana, em Pedrógão, passamos pela barragem de Alqueva e pelo museu de joalharia contemporânea Alberto Gordillo, filho da terra que aprendeu a arte em Lisboa para com ela marcar uma posição. O que conta para o joalheiro não é o valor do material, mas a sua plasticidade e aforma é trabalhado pelo artista.

A série natalícia de “Vai dar uma Curva” prossegue no Jornal das 8, da TVI, na véspera da Natal – pela EN8, de Torres Vedras ao encontro de Jesus, pescador da Nazaré – e no dia de Natal – pela EN 205, a subir pelo Minho até um certo Vaticano, onde se junta a família Simões na tradição da “roupa velha”.

“Vai dar uma Curva”, 18, 24 e 25 de dezembro.

  • Jornalista: Joaquim Franco
  • Repórter de imagem: Ricardo Silva
  • Edição de imagem: Tiago Câmara
  • Grafismo: Matilde Candeias
  • Produção: Ana Gouveia
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