Trabalhadores de hospitais privados saíram à rua por salários melhores - TVI

Trabalhadores de hospitais privados saíram à rua por salários melhores

  • CE
  • 28 mar 2019, 13:21

Concentraram-se em frente à associação patronal para exigir a revisão da tabela salarial e a negociação do contrato coletivo de trabalho

Cerca de quatro dezenas de trabalhadores da hospitalização privada em greve estiveram concentrados esta quinta-feira, em Lisboa, em frente à associação patronal para exigir a revisão da tabela salarial e a negociação do contrato coletivo de trabalho.

Os trabalhadores seguravam cartazes com inscrições como “Trabalhadores da hospitalização privada em luta pelo pagamento de diuturnidades” e “Trabalhadores da hospitalização privada exigem promoção obrigatória” e gritavam palavras de ordem como “Pela negociação a luta é solidária” e “Lutar, lutar para a negociação avançar”, sob a presença de vários agentes da PSP.

Orlando Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), explicou à agência Lusa as razões do protesto em frente à Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).

Estamos aqui para exigir a revisão da tabela salarial para os trabalhadores da hospitalização privada e para que se dê início à negociação do contrato que se encontra neste momento vigente e que infelizmente a associação patronal recusa aplicá-lo”, adiantou o dirigente sindical.

A APHP engloba três grandes grupos – Luz Saúde, Lusíadas Saúde e José de Mello Saúde (hospitais CUF) - que representam “cerca de 30 mil trabalhadores e onde são praticados salários miseráveis na ordem dos 600 euros”, frisou.

Trabalhadores com 15 anos de casa estão a receber 600 euros e os trabalhadores que entram neste momento recebem o mesmo valor”, disse, considerando não ser “compreensível que estes grupos que têm milhões e milhões de lucros todos os anos não valorizem o trabalho que é feito todos os dias por estes trabalhadores”.

A trabalhar num hospital da José de Mello Saúde há 13 anos, Nuno Rodrigues confirmou esta situação, afirmando que há trabalhadores que não têm aumentos salariais há mais de 14 anos, uma situação que considerou ser “incomportável”.

Há aumentos que são dados, mas não são para todos os trabalhadores”, lamentou Nuno Rodrigues, adiantando que os funcionários reclamam “acima de tudo” que a convenção assinada pela APHP em 2010 “seja cumprida”, uma vez que os direitos ali assinados foram retirados, como diuturnidades, dias de trabalho, dias de férias e feriados.

 

A luta está a começar agora e vamos tentar que cada vez mais os próprios trabalhadores tomem consciência de que só pela sua união e pela sua força é que podemos mudar alguma coisa”, vincou.

Aludindo ao número de manifestantes, Nuno Rodrigues disse: “Estamos o que estamos para a próxima seremos mais, a pressão começou agora e não vai parar até conseguimos chegar àquilo que consideramos justo para os trabalhadores”.

Sandra Duarte, do Hospital CUF Descobertas, acrescentou que há muitos trabalhadores que gostariam de estar no protesto, mas que “não estão por medo” de represálias.

A trabalhadora também relatou as situações precárias em que trabalham: “Fazemos horas a mais, só com um dia de folga e os dias de folga são, às vezes, quando eles querem”.

Não tivemos o feriado de carnaval, foi-nos dado depois um dia à escolha da entidade patronal”, disse, rematando: “Há várias coisas que realmente não correm bem”.

A deputada do PCP Carla Cruz marcou presença no protesto para manifestar a sua solidariedade para com a luta dos trabalhadores.

Durante o protesto foi aprovada uma resolução em que os trabalhadores mandatam o CESP para “prosseguir e intensificar a luta dos trabalhadores da hospitalização privada, caso a APHP não satisfaça as suas justas reivindicações”.

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