Duas pessoas morreram esta segunda-feira na sequência da derrocada de um prédio na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, confirmou o comandante dos Bombeiros Sapadores de Lisboa. As autoridades encontraram o corpo do segundo homem que estava desaparecido nos escombros e prosseguem os trabalhos para tirar esse segundo corpo.
“Os trabalhos estão a decorrer e ainda vão demorar por causa do perigo que existe”, disse a mesma fonte à agência Lusa, cerca das 21:00.
O comandante Pedro Patrício já tinha afirmado aos jornalistas no local que o perigo "é iminente”. De acordo com o comandante, que falou aos jornalistas cerca das 18:00, um dos corpos “já foi retirado e o outro está prestes a ser retirado”.
“O perigo é iminente, estamos a trabalhar em estruturas que cederam e podem ceder a qualquer momento. Vamos trabalhar devagar, não podemos fazer oscilações”, acrescentou.
O responsável adiantou que ainda não há condições para a Autoridade para as Condições no Trabalho entrar no edifício devido à falta de condições de segurança.
O prédio, de cinco pisos, encontra-se em obras e não estava habitado, pelo que as vítimas são trabalhadores. A fachada do prédio ruiu parcialmente nas traseiras, por volta das 12:00.
A TVI sabe que os trabalhadores são de Fafe e estavam ao serviço do empreiteiro da obra, o Grupo Casais.
Cães terão farejado desaparecido
Os bombeiros estiveram durante várias horas a remover escombros da derrocada, em busca de um trabalhador que estava dado como desaparecido e que se suspeitava ter sido também apanhado pela derrocada. A sua morte só foi confirmada ao final da tarde.
"Os bombeiros estão a proceder aos trabalhos de remoção dos elementos que colocam em perigo a equipa de resgate, mas será um trabalho demorado”, avançava o comandante dos Sapadores Bombeiros, Pedro Patrício, junto ao local do acidente, cerca das 16:00.
Além do operário morto, cujo corpo já tinha sido encontrado, as autoridades apenas referiam a existência de um outro desaparecido.
Há apenas a registar ainda uma vítima mortal identificada e visível e um desaparecido, que deduzo esteja debaixo de escombros localizados pelos cães”, disse o porta-voz da PSP de Lisboa, Sérgio Soares, ao início da tarde.
Em declarações à agência Lusa, um trabalhador da obra, que não quis ser identificado, disse que estava no primeiro andar quando aconteceu o acidente.
“Foi tudo muito rápido, só tive tempo de ver a poeira e fugir”, avançou.
De acordo com o mesmo, as obras começaram há dois meses, estando o edifício a ser reabilitado, e não havia suspeitas de que as paredes interiores estivessem em risco.
O prédio localiza-se perto da Avenida da Liberdade e do Marquês de Pombal, no centro da cidade.
Trânsito reaberto na rua Alexandre Herculano
Às 21:00, permanecia encerrada ao trânsito, de acordo com fonte da PSP, a rua Rodrigo da Fonseca, em Lisboa, desde a Alexandre Herculano e até ao final.
Na rua Alexandre Herculano, o trânsito está condicionado no sentido descendente até à Avenida da Liberdade, acrescentou.
Apesar de a entrada principal do edifício se fazer pelo número 41 da Rua Alexandre Herculano, no centro da cidade, o imóvel localiza-se na esquina com a Rua Rodrigo da Fonseca.
Três pisos derrocaram, com as lajes interiores a caírem para dentro daquilo que se chama de saguão”, segundo explicou aos jornalistas no local, o comandante dos Sapadores Bombeiros, Pedro Patrício.
Em relação às causas da derrocada, o responsável escusou-se a adiantar razões, frisando que se trata de “questões técnicas” que só depois vão ser avaliadas.
Causas da derrocada ainda por esclarecer
O Inspetor-Geral da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) disse já ser prematuro avançar com as causas da derrocada que provocou a morte de, pelo menos, um trabalhador numa obra em Lisboa. Até porque as autoridades ainda não conseguem ir ao local.
É muito complicado apurar as causas da derrocada porque a instabilidade é muito grande e o acesso ao local está interdito pela Proteção Civil. As instabilidades numa demolição não podem existir, por isso é que existem normas de segurança. Não existem acidentes por acaso”, afirmou Pedro Pimenta Braz.
O inspetor falava aos jornalistas no local. Reafirmou que houve o desmoronamento de uma parede que provocou a morte de uma pessoa e o desaparecimento de outra, mostrando-se “extremamente preocupado por, no meio da cidade de Lisboa, morrer uma pessoa a trabalhar”, afirmando que tal “não pode acontecer em países modernos”, dando o exemplo da Suécia.
Tanto Portugal como a Suécia têm 10 milhões de habitantes, cinco milhões dos quais população ativa. No ano passado morreram em Portugal, na sequência de acidentes de trabalho, 160 pessoas e na Suécia, 35, avançou.
Todos temos um caminho muito grande a fazer: as nossas empresas, empreiteiros e a ACT” para evitar estas mortes, frisou.
A derrocada, na parte interior da fachada de um prédio que está em obras na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, provocou hoje a morte a um trabalhador, estando ainda um segundo desaparecido, ambos trabalhadores da empreitada e de nacionalidade portuguesa.