Expansão do metro de Lisboa vai deslocar comboios durante 44 meses - TVI

Expansão do metro de Lisboa vai deslocar comboios durante 44 meses

  • Notícia atualizada às 19:43
  • 28 nov 2018, 18:56
Metro de Lisboa

Quarenta e quatro meses são quase quatro anos. Obra, que ocupará a via pública a céu aberto, também vai provocar “grandes perturbações ao nível da circulação viária e pedonal nos arruamentos envolventes”

A construção da linha circular do metro de Lisboa obriga a deslocar a linha de comboio entre Santos e Cais do Sodré durante 44 meses, quase quatro anos, segundo a Declaração de Impacto Ambiental (DIA), a que a Lusa teve acesso.

A frente de obra, que ocupará a via pública a céu aberto “por um período estimado de 44 meses”, irá também originar “grandes perturbações ao nível da circulação viária e pedonal nos arruamentos envolventes”. 

O relatório propõe que, durante a fase de construção, uma das linhas de comboio seja desviada para norte, para a Avenida 24 de Julho, e a outra linha para a Rua de Cintura do Porto de Lisboa.

Não é, no entanto, claro como é que esta alteração influenciará o trânsito dos veículos automóveis; qual a redução da capacidade da via; qual a redução da capacidade de estacionamento existente nas diversas zonas e se existe alternativa a apresentar aos moradores das zonas afetadas”.

A DIA sugere que “sejam definidos programas de intervenção devidamente atempados, calendarizados e autorizados” pela Direção Municipal de Mobilidade e Transportes da Câmara Municipal de Lisboa.

A frente de obra entre a Avenida D. Carlos I e a Avenida 24 de Julho “carece de análise e parecer prévio de condicionamento”.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu na terça-feira uma DIA favorável condicionada ao projeto que cria uma linha circular no Metropolitano de Lisboa e liga o Rato ao Cais do Sodré.

Aqueduto e Jardim da Estrela em risco

A mesma Declaração de Impacto Ambiental adverte que a criação da linha circularpoderá pôr em risco vários monumentos nacionais, como o Aqueduto das Águas Livres e o Jardim da Estrela.

Devido às vibrações inerentes à escavação o projeto é suscetível de provocar impactes num troço do Aqueduto das Águas Livres e no Chafariz da Esperança, na freguesia da Estrela, [ambos classificados como monumento nacional]".

A área do Jardim da Estrela é considerada “sobremaneira sensível e frágil”, devendo ser evitada “qualquer intervenção de construção no jardim por forma a manter as condições biofísicas atuais” considerando que há várias espécies classificadas nas zonas próximas da intervenção.

Para a construção da linha circular seria ainda necessário, segundo a declaração, “remover grande parte da superfície da Avenida 24 de Julho” que foi recentemente alvo de uma intervenção, “sendo necessário repô-la com o mesmo desenho e acabamentos”.

As intervenções com maiores consequências a nível do património consistem naquelas que implicam trabalhos e escavações à superfície, nomeadamente os poços de ventilação e as estações e o troço do túnel, entre a estação Santos e Cais do Sodré, executado em vala a céu aberto, que corresponde ao trecho final do traçado, com impacte sobre o potencial arqueológico da zona ribeirinha”.

São condicionantes à realização do projeto a “apresentação de um Plano de Compensação do Património Cultural que contemple um programa para a criação de um espaço museológico que permita albergar os principais achados”, a preservação no local das “preexistências do antigo Convento da Esperança” face à intervenção para a construção da estação de Santos.

A última das condicionantes é relativa à “intervenção em túnel a céu aberto” entre o cruzamento da Avenida D. Carlos I com a Calçada Marquês Abrantes, “com prejuízo do Largo Vitorino Damásio e da Rua D. Luís I”, seguindo em diagonal até à Avenida 24 de Julho, de forma faseada para “permitir fechar sucessivamente as extensões mais a montante”, devolvendo o espaço público aos cidadãos.

De acordo com a DIA “devem ainda ser desenvolvidos e apresentados planos de monitorização” para os fatores “solos, qualidade do ar, ruído, vibrações, recursos hídricos, património e paisagem”.

Relativamente às estações de metro do Cais do Sodré e Campo Grande, a estação do Cais do Sodré “não sofrerá alterações”, sendo prevista a criação de “um novo átrio poente” e, no Campo Grande, serão “criados dois novos viadutos de ligação entre os viadutos existentes”.

Com estas obras, obtém-se uma linha circular a partir do Campo Grande com as linhas Verde e Amarela, passando as restantes linhas a funcionar como radiais - linha Amarela (Odivelas a Telheiras), linha Azul (Reboleira - Santa Apolónia) e linha Vermelha (S. Sebastião - Aeroporto).

A expansão representa um “investimento de 210,2 milhões de euros, devendo as obras arrancar até ao final do primeiro semestre de 2019”, com um prazo de execução previsto de 68 meses (até 2023), segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2019.

Continue a ler esta notícia