Ministério Público vai pedir arresto de imóveis e da coleção de arte de Joe Berardo - TVI

Ministério Público vai pedir arresto de imóveis e da coleção de arte de Joe Berardo

  • Henrique Machado
  • 29 jun 2021, 20:28

Coleção de arte está avaliada em mais de 300 milhões de euros

O Ministério Público vai pedir o arresto de bens e imóveis e da coleção de arte de Joe Berardo, empresário detido esta terça-feira num processo relacionado com fraude fiscal, burla qualificada, branqueamento de capitais e administração danosa, no qual está em causa uma dívida de cerca de mil milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos, Millenium BCP e ao antigo Banco Espírito Santo.

A ação foi movida pelo Estado, enquanto representante do banco público. Só a coleção de arte do madeirense está avaliada pela leiloeira Christie's em mais de 300 milhões de euros, valor que é cerca de um terço do total da dívida.

O interrogatório a Joe Berardo está marcado para as 14:00 desta quarta-feira, e vai ter lugar no Tribunal de Instrução Criminal.

A Polícia Judiciária e o Ministério Público avançaram esta manhã com uma megaoperação que visou a detenção, com mandado emitido, do empresário madeirense Joe Berardo, por suspeitas de crimes como burla qualificada, fraude fiscal, branqueamento de capitais e administração danosa - pela forma como conseguiu obter, em 2006, empréstimos da Caixa Geral de Depósitos, que em 2015 ainda revelavam uma exposição do banco público à Fundação Berardo na ordem dos 268 milhões de euros em créditos mal parados.

A TVI sabe que, além de Joe Berardo, também o advogado André Luiz Gomes foi detido. A Procuradoria-Geral da República, segundo nota publicada no site, confirma na mesma linha as duas detenções.

Em causa, a forma como depois montou um esquema de dissipação de património e dinheiro, através de empresas-veículo, para conseguir escapar aos credores: além da Caixa, deve ainda milhões de euros a outros bancos. 

Acredita a investigação que esse créditos ruinosos na caixa - de 350 milhões de euros para compra de ações do BCP, que logo depois desvalorizaram - foram conseguidos através de uma relação privilegiada com o Governo que na altura era liderado por  José Sócrates.

O Ministério Público estabelece ainda uma relação entre a concessão desses créditos e o facto de ter sido celebrado com o Governo um acordo para que 862 obras de arte da fundação Berardo fossem expostas no Centro Cultural de Belém.

As obras foram então cedidas ao Estado, num acordo de comodato por 10 anos, e avaliadas na altura pela leiloeira internacional Christie's em 316 milhões de euros.

Joe Berardo e André Luiz Gomes vão passar a noite no Estabelecimento Prisional anexo da Polícia Judiciária e serão interrogados na quarta-feira pelo juiz Carlos Alexandre.

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