Olaria negra de Bisalhães é Património Imaterial da Unesco - TVI

Olaria negra de Bisalhães é Património Imaterial da Unesco

Bisalhães pode ter arte património imaterial da UNESCO

O processo de fabrico do barro preto de Bisalhães, em Vila Real, foi inscrito na lista do Património Cultural Imaterial, que necessita de salvaguarda urgente da Unesco. Câmara tem 370 mil euros para proteger artesanato

"Muito feliz!", foi como o presidente da Câmara de Vila Real se mostrou. Está em Adis Abeba, capital da Etiópia, e ficou satisfeito com o reconhecimento da olaria negra de Bisalhães pela Unesco.

Considerando que significa "mais responsabilidade" na salvaguarda desta arte ancestral, Rui Santos afirmou-se “muito feliz com esta distinção de uma parte importante da cultura vila-realense”.

Com este reconhecimento internacional ganhamos uma responsabilidade enquanto município ainda maior. Sabemos que o plano de salvaguarda que idealizamos está tecnicamente perfeito e temos 370 mil euros disponíveis para o implementar até 2020”, afirmou o autarca, em comunicado enviado à imprensa.

Bisalhães, património da Humanidade

A decisão foi tomada esta terça-feira durante a 11.ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que está a decorrer em Adis Abeba, capital da Etiópia.

A Câmara de Vila Real avançou com a candidatura do processo de fabrico do barro negro de Bisalhães à lista do património cultural imaterial que necessita de salvaguarda urgente, precisamente por esta ser uma atividade em vias de extinção.

O município disse que se tratou de um “processo complexo que demorou mais de um ano a ser completado”.

Este reconhecimento internacional possibilitará partilhar o conhecimento ancestral dos oleiros de Bisalhães com o mundo”, salientou fonte da autarquia à Agência LUSA.

Processo antigo e apenas cinco velhos oleiros

Para a autarquia de Vila Real, a inscrição na lista da Unesco deverá “motivar a implementação de um amplo plano de salvaguarda que o município idealizou".

Vai desde a formação de oleiros, passando pela certificação do processo e até ao incentivo do surgimento de novas utilizações e designs para este material único”, referiu a mesma fonte à LUSA.

O principal problema desta atividade é o envelhecimento dos oleiros. Atualmente, são cinco os que fazem desta arte a sua atividade principal e a maioria tem mais de 75 anos.

Desde o século XVI...

A olaria de Bisalhães é considerada um ofício duro, exigente, com recurso a processos que remontam, pelo menos, ao século XVI. E que passa pelo tratamento inicial que se dá ao barro até à cozedura.

As peças que nascem pelas mãos destes artesãos são depois cozidas em velhos fornos abertos na terra, onde são queimadas giestas, caruma e carqueja. Que são então abafadas com terra escura, a mesma que vai dar a cor negra às peças.

O processo é bastante antigo, com características muito peculiares e próprias desta aldeia de Bisalhães e que tem vindo a ser mantido com muito sacrifício por parte dos oleiros atuais”, salientou o coordenador técnico da candidatura, João Ribeiro da Silva.

O responsável referiu que esta candidatura pretendeu dar “visibilidade à olaria e preservar a forma de fazer”. Em março de 2015, o processo de confeção do barro negro de Bisalhães foi reconhecido como Património Cultural Nacional.

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