Mais 90 mil vítimas de violência doméstica recorreram à APAV - TVI

Mais 90 mil vítimas de violência doméstica recorreram à APAV

Nuas contra a violência doméstica - Reuters/Osman Orsal

Números cresceram 30% em 14 anos

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O número de vítimas dos crimes de violência doméstica que recorreram aos serviços da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) aumentou mais de 30% nos últimos 14 anos, totalizando 90.973 casos.

Dados da APAV divulgados esta segunda-feira referem que, em 2000, foram registados 5.419 casos e, em 2013, 7.265 casos. A grande maioria das vítimas são mulheres.

A APAV analisou os crimes de violência doméstica entre 2000 e 2012, tendo verificado «algumas oscilações» neste período.

O maior número de vítimas verificou-se em 2002, com 7.543 casos, e o menor em 2005, com 5.346 casos, referem as estatísticas da associação.



Traçando o perfil da vítima, a APAV refere que as mulheres têm vindo a representar a maior percentagem de casos ao longo dos últimos 13 anos, atingindo o valor máximo em 2002, com 6.958 casos.

Adianta ainda que em 17,9% dos casos a vítima tem entre os 36 e os 45 anos e, em 16,2% dos casos, entre 26 e 35 anos.

Os autores dos crimes foram, em todos os anos, maioritariamente homens, tendo atingido o valor máximo em 2002, com 7.042 agressores (93,3%).

Em 27,6% dos casos, o agressor tinha entre 26 e 45 anos e, em 10,6% dos casos, entre 46 e 55 anos.

A relação vítima/autor do crime que regista maior número de casos é a de cônjuge ou companheiro, com um total de 53.506 casos.



A APAV realça ainda que, «na violência doméstica em sentido lato» predominam os crimes de «violação», «violação da obrigação de alimentos» e «abuso sexual», com 1.877, 1.505 e 1.472 casos, respetivamente.

«Na violência doméstica em sentido estrito», destacam-se os crimes de «maus tratos psíquicos», com o registo de 56.344 casos, seguido dos «maus tratos físicos», com 50.935 casos.

A APAV analisou também os crimes de homicídio ocorridos neste período, adiantando que o número de vítimas deste crime totalizou 619.

Segundo a associação, «houve um aumento significativo» de casos de 2010 (72 casos) para 2011, ano em que foi registado o maior número de vítimas (125), voltando a baixar em 2012 (92).



As mulheres têm vindo a representar a maior percentagem de vítimas ao longo dos últimos 13 anos, atingindo o valor máximo em 2011, com 100 vítimas.

Os dados referem que, em 16,5% dos casos, as vítimas tinham entre os 36 e os 45 anos e, em 13,4% dos casos, entre os 46 e os 55 anos.

O estado civil das vítimas deste crime mais representativo nos últimos 13 anos é o de casado, com um total de 243 vítimas, representando 39,3% dos casos.

Os homens são os principais autores deste crime, tendo atingido em 2011 o valor máximo, com 98 autores do crime (78,6%).

Em 13 anos, 5700 vítimas pediram ajuda

Mais de 5.700 vítimas de crimes sexuais, a maioria mulheres, recorrerem aos serviços da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) entre 2000 e 2012, segundo dados divulgados hoje pela associação.

As «Estatísticas APAV Crimes sexuais 2000-2012» referem que, neste período, foram totalizados 5.710 casos, tendo o maior número de crimes ocorrido em contexto de «violência doméstica – violação e abuso sexual de crianças», com 3.473 casos (53,7%).

Analisando a evolução deste crime ao longo dos 13 anos, a associação afirma que «foi pautada por algumas oscilações, e de forma irregular».

«Houve um aumento significativo de 2000 para 2003, seguida de sucessivas baixas até 2010, tendo havido depois uma significativa subida até 2012», adianta.

O maior número de vítimas verificou-se em 2003, com 627 casos (11%), e o menor número em 2010 (327 casos).



As mulheres são as principais vítimas, atingindo o valor máximo em 2003, com 548 vítimas. Em 17% dos casos, a vítima tinha entre os 26 e 35 anos, e em 14,7% das situações, entre 18 e 25 anos.

O tipo de família das vítimas mais representativo foi a nuclear, em 22,2% dos casos (de 2000 a 2004), e a família nuclear com filhos em 22,3% das situações (a partir 2005).

Relativamente ao nível de ensino das vítimas, a APAV adianta que se distribui «de forma equitativa entre o 1.º ciclo e o ensino secundário».

No entanto, o ensino secundário apresenta valores um pouco acima dos restantes, com 9,1% do total de casos registados.

Analisando as relações entre o autor do crime e a vítima, a associação verificou que, geralmente, são familiares.

A relação entre cônjuge e companheiro foi registada em 23,6% dos casos, seguindo-se a relação pai/mãe, em 10% dos casos, sendo a residência comum o local do crime mais assinalado (39,5%).



A APAV realça que «a vitimação continuada impôs-se em 63,4% dos casos, sendo as situações pontuais bastante mais baixas (21,7%)».

Os homens são os principais agressores, tendo atingido em 2003 o valor máximo, com 582 autores do crime, (93%).

Em 2012, o registo de autores de crime é superior ao de vítimas, uma vez que, a partir deste ano, já era possível apurar vários autores de crime por vítima, explica a APAV.

Em 15,2% dos casos, o autor deste crime tinha entre 36 e 45 anos.

Os crimes patrimoniais também foram analisados pela associação, que registou um total de 4.570 casos neste período.

Segundo a associação, o maior número de vítimas verificou-se em 2001, com 434 casos (9,5%), e o menor em 2005 (198).



Os crimes patrimoniais são praticados em 35,7% dos casos na residência da vítima (1.630 situações).

O crime de dano é o que regista o maior número de vítimas (1.331), representando 26,8% do total de crimes, seguindo-se o furto, com 1.034 ocorrências (20,8%).

As mulheres são as maiores vítimas, tendo atingido o valor máximo em 2002, com 334 vítimas. Em 16,5% dos casos, as vítimas tinha mais de 65 anos e em 13,9% dos casos, entre 36 e 45 anos.

Os homens são os principais agressores, e em 22,5% dos casos tinham entre 26 e 45 anos.
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