Covid-19: responsável pela delegação Norte do INEM demite-se após polémica com vacinas - TVI

Covid-19: responsável pela delegação Norte do INEM demite-se após polémica com vacinas

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  • 30 jan 2021, 16:19

António Barbosa admite que foram vacinados funcionários de uma pastelaria, mas diz que foi para que não se estragassem vacinas

O responsável pela delegação do Norte do INEM apresentou a demissão depois de ter sido noticiado que o instituto tinha vacinado contra a covid-19 funcionários de uma pastelaria no Porto, confirmou à Lusa fonte do instituto.

Mais tarde, o Conselho Diretivo do INEM informou que aceitou o pedido de demissão de António Barbosa.

O instituto informou ainda que "aguarda com serenidade o desenvolvimento e as conclusões do inquérito a desenvolver pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) ao processo de vacinação contra a COVID-19 que decorreu no INEM", um processo que decorreu na sequência de uma notícia avançada pela TVI.

Ainda antes desta polémica na pastelaria, a TVI avançou que o INEM tinha vacinado vários funcionários da instituição, independentemente da missão ou da exposição ao vírus de cada funcionário ou alto funcionário.

Para além de médicos, enfermeiros e tripulantes de ambulâncias, foram vacinados também vários administrativos.

A TVI sabe que se trata, por exemplo, de todos os administradores, diretores, técnicos e técnicos superiores, de todos os elementos do gabinete de comunicação, informática e recursos humanos, assessores jurídicos e demais funcionários, da segurança à limpeza dos edifícios do INEM.

O delegado do INEM no Porto assumiu que autorizou a vacinação de 11 funcionários de uma pastelaria próxima, mas recusou qualquer favorecimento, assegurando que se tratou apenas de evitar que as vacinas fossem para o lixo.

Falando aos jornalistas no INEM-Porto, António Barbosa disse que a vacinação dessas pessoas obedeceu apenas a um critério de “disponibilidade e proximidade” e não outro.

Segundo a sua versão, havia mais 11 vacinas preparadas para o pessoal do INEM do que o que se veio a verificar ser necessário e a alternativa ao que determinou seria o desperdício.

Atendendo o que está descrito na norma, a alternativa a vacinar cidadãos próximos seria descartar, literalmente deitar ao lixo”, disse.

Uma resposta à pedidos de esclarecimento da Lusa referia, contudo, que “os prazos estipulados para administração das vacinas após descongelação e diluição, bem como a logística de todo este processo de vacinação, nomeadamente a exigência de condições de assepsia na sua preparação, não permitiriam a administração destas doses sobrantes a pessoas externas, e em ambientes externos ao INEM”.

António Barbosa disse ter colocado o seu lugar à disposição da administração – e não apresentado a sua demissão – depois de ter sido noticiado que o instituto tinha vacinado contra a covid-19 funcionários de uma pastelaria no Porto, confirmou à Lusa fonte do instituto.

Segundo noticiou este sábado o Correio da Manhã, a delegação regional do Norte do INEM incluiu os proprietários e funcionários de uma pastelaria do Porto no grupo de profissionais que foi vacinado na primeira fase do plano de vacinação.

Na quinta-feira, uma denuncia da Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC) de que o instituto teria incluído na vacinação contra a covid-19 profissionais não prioritários fez com que INEM viesse negar “todas e quaisquer acusações de favorecimento pessoal” no seu processo de vacinação.

Na altura, em comunicado, o instituto explicou que “solicitou apenas vacinas para os profissionais prioritários, tendo recebido as 1.174 doses de vacina anti-covid-19 Comirnaty® (Pfizer-BioNTech) solicitadas, que foram administradas a todos os profissionais prioritários que manifestaram interesse em ser vacinados”.

Iniciado o processo de vacinação, foram identificados profissionais prioritários que não preenchiam os critérios para poderem receber a primeira dose da vacina, de acordo com as indicações de segurança do fabricante (Pfizer), nomeadamente por apresentarem contraindicações, com diagnóstico ou presença de sintomas indicadores de covid-19, ou que tinham estado doentes com covid-19 há menos de 90 dias”, referia a nota.

Na explicação, o INEM acrescentava ainda: “Considerando o tempo reduzido para administração da vacina, que após a descongelação deve ser administrada no prazo máximo de 120 horas, bem como as recomendações da Agência Europeia do Medicamento de que qualquer vacina não utilizada deveria ser descartada após a diluição, acrescido do facto de ser possível extrair seis doses por frasco, e não apenas as cinco doses inicialmente estipuladas (de acordo com as indicações do INFARMED), foi possível administrar as doses sobrantes aos profissionais do INEM que dão suporte à atividade de Emergência Médica, para evitar o desperdício destas”.

Desta forma, para além das 1.174 vacinas solicitadas, foi possível administrar mais 92", acrescentou.

Na mesma resposta, o INEM disse ainda que "os prazos estipulados para administração das vacinas após descongelação e diluição, bem como a logística de todo este processo de vacinação, nomeadamente a exigência de condições de assepsia na sua preparação, não permitiriam a administração destas doses sobrantes a pessoas externas, e em ambientes externos ao INEM”.

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