Operação Aquiles: inspetores da PJ e militar da GNR em prisão preventiva - TVI

Operação Aquiles: inspetores da PJ e militar da GNR em prisão preventiva

Processo envolve, segundo as autoridades judiciárias, suspeitas de corrupção ativa e passiva, tráfico de droga agravado, associação criminosa e branqueamento de capitais

Os dois inspetores da Polícia Judiciária e o militar da GNR detidos no âmbito da Operação Aquiles ficam em prisão preventiva. No total, são nove os arguidos que ficam sujeitos a esta medida de coação. Seis arguidos ficam sujeitos a apresentações periódicas nas zonas de residência. As medidas de coação foram conhecidas esta quarta-feira, através de um comunicado da Procuradoria-Geral da República.

A Operação Aquiles foi desencadeada a semana passada e foram constituídos 17 arguidos, 15 dos quais hoje presentes a tribunal.

Os outros dois são advogados e ficaram sujeitos a termo de identidade a residência.

Entre os vários detidos na Operação Aquiles estão dois elementos da própria Polícia Judiciária, o coordenador reformado da PJ Carlos Dias Santos e o inspetor-chefe da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) Ricardo Macedo, assim como o cabo da GNR do destacamento de Torres Vedras José Manuel Baltazar Silva.

Carlos Dias Santos esteve 38 anos na PJ e pertenceu à Direcção Central de Investigação de Tráfico de Estupefacientes (DCITE) e à Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB). O inspetor-chefe Ricardo Macedo, outro dos detidos, trabalhava na UNCTE.

O processo envolve, segundo as autoridades judiciárias, suspeitas de corrupção ativa e passiva, tráfico de droga agravado, associação criminosa e branqueamento de capitais.

A investigação está a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, em colaboração com a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefaciente, num inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal.

“No inquérito investigam-se associações criminosas que importariam cocaína proveniente da Colômbia, normalmente por via marítima e/ou aérea, produto que se destinaria a ser vendido em Portugal ou enviado para os outros países europeus, designadamente Espanha”, refere a nota da PGR.

Segundo o comunicado, as associações criminosas “teriam o apoio de dois elementos da PJ”, um dos quais já reformado e outro no ativo, que era apoiado por um militar da GNR.

Durante a “Operação Aquiles”, desencadeada a 5 de abril, foram realizadas 100 buscas domiciliárias e não domiciliárias em Lisboa, Porto, Setúbal, Torres Vedras e Braga e foram apreendidos além de droga, dinheiro, saldos de contas bancárias, veículos, equipamentos informáticos e outros valores.

A operação, onde estiveram envolvidos mais de 300 elementos da PJ, contou também com a colaboração de magistrados e polícias espanhóis.

Medida de coação poderá passar para prisão domiciliária

O advogado de Carlos Dias Santos disse que o antigo coordenador da PJ ficou em prisão preventiva, mas que há a possibilidade de alteração da medida de coação para prisão domiciliária.

Melo Alves adiantou aos jornalistas, à saída do tribunal, que os fundamentos do juiz Carlos Alexandre para aplicar ao seu cliente a prisão preventiva, medida de coação mais grave, foram o perigo de perturbação da prova e de continuação da atividade criminosa.

Sobre a possibilidade de alteração da medida para prisão domiciliária, o advogado disse que tal está dependente de um relatório da Direção-Geral de Reinserção Social.

Carlos Santos Dias foi transferido para o Estabelecimento Prisional de Évora, destinado a reclusos que tenham desempenhado funções, nomeadamente nas forças policiais.

Melo Alves admitiu que a medida de coação de prisão preventiva aplicada a outros oito arguidos possa ser atenuada também para prisão domiciliária.

Quanto ao processo, classificou-o como "complexo", que "ainda vai no adro", assinalando que a defesa "vai contrapor outra prova", porque "a verdade é outra".

 

Continue a ler esta notícia