Covid-19: INEM contraria DGS e utiliza lixívia para reciclar material - TVI

Covid-19: INEM contraria DGS e utiliza lixívia para reciclar material

  • 6 abr 2020, 11:53

Indicações dizem ainda que as fardas devem ser lavadas até aos 90 graus

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) aplicou normas de segurança que contrariam as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) no que toca ao tratamento dos materiais de proteção e das fardas.

Segundo o JN, o instituto está a ordenar que os técnicos de emergência que contactem com infetados ou casos suspeitos de Covid-19 procedam à reciclagem dos óculos de proteção, procedendo à sua lavagem com lixívia. Além disso, é ainda pedido aos profissionais que lavem as fardas em casa, até aos 90 graus.

Estas indicações vão contra o que tem sido recomendado pela DGS para estes casos.

ÀTVI, a coordenadora da equipa de emergência INEM reconheceu que existe alguma dificuldade em adquirir material, revelando mesmo que não há locais onde comprar material como batas impermeáveis. Neste momento, o instituto dispõe de 300 batas impermeáveis, que estão a ser distribuídas pelo país. Uma encomenda de batas foi feita, mas o carregamento não deverá chegar nos próximos 10 dias.

Neste sentido, alguns o médicos e enfermeiros recusam-se a assistir pessoas, devido à falta de meios de proteção.

A situação coloca-se desde 3 de abril, altura em que as tripulações das ambulâncias e dos motociclos passaram a ser obrigadas a reutilizar os óculos de proteção, que até aqui eram eliminados após o transporte de um doente ou suspeito de Covid-19.

Ainda antes desta alteração, o INEM deixou de fornecer toucas e cobre-botas, além de ter deixado de providenciar batas impermeáveis. As luvas, que habitualmente eram de nitrilo (material mais resistente), passaram a ser de látex.

Ao JN, o vice-presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, afirmou que os óculos já não fazem parte do kit entregue aos profissionais. Em vez disso, o equipamento é lavado durante 10 minutos, ou com álcool a 70 graus.

O Sindicato dos Técnicos de Ambulâncias de Emergência afirma, à TVI, que as tripulações têm medo e não se sentem protegidas.

Rui Lázaro refere que estas alterações são consequência da falta de reserva de material, acrescentando que passaram a receber apenas dois kits por base. De resto, houve mesmo uma equipa do INEM que teve de se deslocar mais de 200 quilómetros para ir buscar um kit a outra base. O mesmo aconteceu nas bases de Matosinhos, Viana do Castelo ou Chaves.

Relativamente às fardas, o STEPH afirma que são os profissionais que têm de as lavar. Levam-nas para casa e são aconselhados a utilizar uma lavagem a 90 graus.

O vice-presidente do sindicato adianta ainda que estão a equacionar uma queixa à Provedora de Justiça, admitindo mesmo uma paralisação dos técnicos.

A Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar confirmou também que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público, depois de ter detetado "falta de equipamentos e violação de protocolos".

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