Covid-19: as medidas restritivas que a Europa impôs para conter a pandemia - TVI

Covid-19: as medidas restritivas que a Europa impôs para conter a pandemia

Portugal está em estado de emergência e com medidas restritivas aplicadas em 191 concelhos considerados de alto risco para a transmissão do SARS-CoV-2. Mas a segunda vaga da pandemia atingiu a Europa de forma atordoante e, se por cá as medidas são duras, há países onde as restrições são ainda mais pesadas

Os números da covid-19 batem recordes todos os dias. Ainda esta segunda-feira, Portugal bateu o recorde do número de mortos. A segunda vaga da pandemia de SARS-CoV-2 afetou a Europa com uma violência inesperada e vários países viram-se obrigados a implementar medidas restritivas que estão a golpear duramente as economias e a agudizar crises já instaladas.

Portugal está em estado de emergência em vigor até dia 23, uma situação que deve ser revista ainda esta semana e tudo indica que seja renovada. Em 191 concelhos considerados de alto risco para a propagação do vírus, está em vigor uma espécie de recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00. Ao fim-de-semana, o toque de recolher é dado às 13:00.

As medidas mereceram já a contestação de vários setores da economia. Nomeadamente os restaurantes, que se manifestaram um pouco por todo o país e dizem estar asfixiados economicamente e prestes a rebentar do ponto de vista financeiro.

E no resto da Europa, que medidas estão a ser tomadas para conter a pandemia? Vejamos os cenários nas principais economias da Europa e nos países onde há mais emigração portuguesa.

França

A 30 de outubro, a França implementou novas medidas de confinamento, com validade de quatro semanas. Em território francês, a ordem é para ficar em casa. As exceções que constam de um documento na página de internet do Governo francês estão bem identificadas:

  • Deslocações de e para o trabalho, escola ou local de treino.
  • Levar e buscar as crianças à escola.
  • Viagens de negócios que não possam ser adiadas.
  • Exames presenciais e questões judiciais.
  • Compras de bens e serviços básicos ou levantamento de encomendas.
  • Consultas médicas que não possam ser adiadas ou levadas a cabo remotamente.
  • Assistência a pessoa vulnerável.
  • Portadores de deficiência e seus acompanhantes.
  • Exercício individual ou passeios higiénicos com membros do mesmo agregado familiar, bem como passeios com os animais, respeitando a distância de um quilómetro da residência e a duração máxima de uma hora.

Nas empresas, o teletrabalho é regra. Sempre que isso não for possível, deve ser aplicado o sistema de equipas espelho para reduzir o número de trabalhadores nos locais de trabalho.

As escolas mantêm-se abertas, com o uso obrigatório de máscara por crianças a partir dos seis anos.

Os serviços públicos mantêm-se abertos, mas as lojas e locais de venda de bens não essenciais, bares e restaurantes estão fechados. Os restaurantes podem trabalhar apenas com take away. Mercearias e supermercados, farmácias e postos de abastecimento de combustível permanecem abertos.

Os locais de culto podem permanecer abertos para casamentos (com um máximo de seis pessoas) e funerais (com um máximo de 30 pessoas).

Espanha

Madrid declarou estado de emergência a 25 de outubro em todo o território nacional, com recolher obrigatório entre as 23:00 e as 06:00 e limitações de circulação entre as diferentes regiões autonómicas. As exceções estão detalhadas na página do Governo espanhol dedicada à covid-19 e passam pela aquisição de bens essenciais e procura de cuidados de saúde, por exemplo.

A permanência de grupos em espaços públicos ou privados está limitada a seis pessoas, a não ser que pertençam ao mesmo agregado familiar.

As autoridades de saúde impuseram também limitações ao número de fiéis em locais de culto.

O estado de emergência foi renovado a 9 de novembro e vigora até maio de 2021.

Alemanha

A Alemanha tem tido números recordes. Na última sexta-feira, bateu mesmo o recorde de novos casos diários, com 23.532 casos. Esta segunda-feira, beneficiando dos efeitos do fim de semana que também se verificam por cá em todos os inícios de semana, as novas infeções chegaram quase às 11 mil.

Angela Merkel queria endurecer as medidas restritivas, mas não obteve o acordo das 16 regiões do país, com quem reuniu por videoconferência esta segunda-feira. Nova reunião está marcada para quarta-feira.

“Eu queria impor medidas restritivas já hoje, mas obtive maioria para isso”, confessou a chanceler, citada pelo Deutsche Welle.

Sem acordo para implementar novas medidas, Merkel deixa um veemente apelo aos cidadãos para que se abstenham de comparecer e organizar eventos privados até ao Natal, evitem usar transportes públicos e permaneçam em casa ao menor sintoma compatível com a covid-19.

Reino Unido

O Reino Unido tem vindo a atualizar as medidas quase diariamente. Na página do Governo britânico dedicada à covid-19, podemos ver que as últimas medidas implementadas se prendem com isolamento obrigatório de viajantes provenientes da Suécia e da Alemanha e com a proibição de entrada em território britânico a viajantes provenientes da Dinamarca não residentes no Reino Unido (estes últimos devem proceder ao auto-isolamento). As medidas estão em vigor desde 7 de novembro.

  • É recomendado aos britânicos que mantenham as bolhas familiares e não são permitidos ajuntamentos nas ruas.
  • Em termos económicos, as medidas são as seguintes:
  • Todas as lojas não essenciais, como lojas de roupas, decoração ou stands automóveis estão encerradas e só podem funcionar com sistema de encomenda e levantamento ou entregas ao domicílio.
  • Cafés, restaurantes, bares e pastelarias só podem funcionar em regime takeaway, antes das 22:00 e sem incluir a venda de álcool, drive-through e entregas ao domicílio.
  • Hotéis e alojamentos estão encerrados, salvo raras exceções.
  • Ginásios, piscinas e locais de prática de desporto encerrados.
  • Teatros, cinemas e museus encerrados.
  • Cabeleireiros, spas e salões de beleza encerrados e proibidos de fornecer os seus serviços ao domicílio.
  • Locais de culto encerrados, com a exceção da oração individual e eventos como funerais.

Itália

A Itália foi dos países europeus que mais sofreu com a primeira vaga e a situação não está muito diferente agora. O país está divido em três zonas de gravidade – zona vermelha, zona laranja e zona amarela.

Este fim de semana, o Governo italiano alargou as medidas impostas na zona com maior risco a mais regiões e agora estão em alerta máximo a Lombardia, Bolzano, Piedmont, Vale de Aosta e Calabria. Mais de 16,5 milhões de pessoas são afetadas por medidas restritivas que incluem limitações à circulação e o encerramento de estabelecimentos comerciais de bens não essenciais.

De acordo com a BBC, bares e restaurantes estão encerrados. Cabeleireiros e salões de beleza permanecem abertos. As pessoas só podem fazer passeios higiénicos nas proximidades das habitações e sempre usando máscara.

Bélgica

A Bélgica é um dos países com medidas mais restritivas. Proibiu a venda de álcool depois das 20:00 e fechou todos os estabelecimentos de bens considerados não essenciais e restaurantes.

Os cafés e restaurantes só podem servir takeaway e apenas até às 22:00. As lojas de bens essenciais estão abertas, mas com diversas limitações:

  • Os clientes têm 30 minutos para fazer as suas compras.
  • Máximo de duas pessoas de cada família para fazer compras.
  • Uso obrigatório de máscara.

Estabelecimentos como cabeleireiros ou salões de beleza estão encerrados.

As medidas em vigor podem ser consultadas no site do Governo belga dedicado à covid-19.

 

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