Emigrantes em França dizem que se sentem “mais seguros” em Portugal - TVI

Emigrantes em França dizem que se sentem “mais seguros” em Portugal

GNR na fronteira de Vilar Formoso

Portugueses emigrados regressaram este domingo a Portugal para as férias de verão e foram recebidos pela GNR e pelo secretário de Estado da Administração Interna na fronteira de Vilar Formoso

Emigrantes em França que entraram em Portugal, este domingo, pela fronteira de Vilar Formoso, Almeida, disseram à agência Lusa que estão preocupados com os ataques de terrorismo ocorridos naquele país, mas não pensam desistir e regressar.

Estamos mais seguros cá do que lá, mas desistir e regressar a Portugal, por enquanto não, porque estamos habituados a viver em França e, Portugal, é só para férias", disse à agência Lusa Carlos Fernandes, de 37 anos, que reside em Lille.

O emigrante referiu que no dia-a-dia sente-se inseguro e, após os atentados, anda na rua "sempre a olhar, não vá acontecer alguma coisa".

Desde novembro que nos sentimos inseguros, mas nasci lá e regressar é um bocado complicado", disse Carlos Fernandes, que é pai de uma menina de três anos.

A mulher, Patrícia Fernandes, de 36 anos, também fala de "medo e de insegurança, mesmo com o reforço policial".

Preocupamo-nos com a segurança. Vamos ver mais adiante o que se irá passar e depois decidiremos. O futuro é uma incógnita", declarou a mulher, que viaja com a família para Samora Correia.

Filipe Gomes, de 32 anos, que também reside na região de Lille, referiu sentir-se "completamente seguro em Portugal", o que não acontece em França.

Lá andamos sempre desconfiados", relatou o emigrante que viajou hoje para Portugal (Castelo Branco) com a mulher, Élia Gomes, de 32 anos, e com a filha de dois anos, onde vai passar um mês de férias.

O homem disse que, "para já, não se coloca a hipótese" de regressar e de abandonar o país que acolheu os seus pais e onde já nasceu: "Temos lá casa e trabalho. E cá não temos nada? Seria complicado?".

Depois do que aconteceu em França, estar em Portugal é um alívio. Vamos ter um mês de descanso", declarou Élia Gomes.

Lucinda dos Santos, de 51 anos, natural de Mangualde e residente em Nantes, contou à Lusa que depois dos ataques terroristas naquele país é o próprio marido, de nacionalidade francesa, que deseja "vir para Portugal, daqui a um ano, quando ele se reformar".

A mulher, que viajava com o marido, com uma filha de 25 anos e com uma neta de quatro anos, disse que se sentia "aliviada" por pisar solo nacional.

Os atentados podem acelerar o nosso regresso a Portugal. Tenho um filho que também admite regressar", afirmou.

Outra emigrante, Cristina Chiron, de 52 anos, que vive em Nantes e se dirige para o Algarve, para passar férias, na companhia do marido, disse que os atentados "não mudaram nada" a vida do casal.

Estou há 51 anos em França. Os atentados foram longe da zona onde vivemos e nós não nos sentimos inseguros", disse.

No entanto, a portuguesa residente em França admitiu que "em Portugal há mais segurança" e o país "é diferente".

Eu não mudei nada a minha vida após os atentados. Regressar mais cedo a Portugal por causa disso? Não tenciono fazê-lo. Talvez um dia possa passar meio ano lá e outro meio ano cá", concluiu.

Emigrantes recebidos com conselhos sobre segurança rodoviária 

O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, deu hoje as boas vindas aos emigrantes que entram em Portugal pela fronteira de Vilar Formoso, Almeida, e apelou aos cuidados na condução.

O governante participou hoje de manhã, naquela fronteira, na campanha de segurança rodoviária "Sécur'été - Verão em Portugal" organizada pelo 14.º ano consecutivo pela associação Cap Magellan com o objetivo de contribuir para a redução do número de acidentes durante os trajetos longos.

Jorge Gomes esteve acompanhado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, e ambos dialogaram com alguns emigrantes a quem deram as boas vindas e desejaram boa viagem até ao destino final.

Bem-vindos a Portugal e boa viagem. Conduzam com cuidado. Vão com segurança e com calma e quando se sentirem cansados descansem um bocadinho", desejaram os dois membros do Governo aos emigrantes que contactaram em Vilar Formoso.

O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, disse à agência Lusa que na última fase da condução é importante que os condutores façam o percurso "com muito cuidado e com muita atenção".

Agora sim, sobretudo que venham para ter férias saudáveis. É isso que nós queremos e que nós desejamos, que não haja acidentes e que não haja comportamentos de risco nessa fase", acrescentou.

Na estrada, "todos os cuidados são poucos", disse, reconhecendo que as campanhas de sensibilização rodoviária realizadas anualmente "vão trazendo os seus frutos e os seus resultados".

A associação de jovens lusodescendentes Cap Magellan está a promover a campanha de segurança rodoviária "Sécur'été - Verão em Portugal" dirigida aos milhares de emigrantes que estão a chegar a Portugal este fim de semana.

Luciana Gouveia, diretora geral da associação, disse à Lusa que com a iniciativa são evitadas mortes e acidentes nas estradas.

O nosso objetivo é alertar sobre os perigos na estrada", frisou, indicando que todos os ano, nesta altura, são distribuídos folhetos sobre segurança rodoviária.

A campanha dirigida aos portugueses e lusodescendentes residentes em França, que nesta altura do ano se deslocam de carro a Portugal para gozarem as férias de verão, é valorizada pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

José Luís Carneiro lembrou que em certas alturas do ano tem havido acidentes que têm vitimado muitos portugueses, e estas iniciativas são "muito relevantes" para "a sensibilização dos portugueses que se deslocam ao seu país, à sua terra natal nesta altura do ano, para os deveres de responsabilidade que é preciso ter quando preparam as suas viagens".

Pelas contas da GNR, este fim de semana entram em Portugal, pela fronteira de Vilar Formoso "à volta de 40 mil veículos de matrícula estrangeira".

Entre sexta-feira e sábado entraram cerca de 25 mil e hoje [são esperados] entre 15 a 20 mil", indicou o tenente-coronel Cunha Rasteiro, do Comando Territorial da GNR da Guarda.

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