Colegas ajudaram-na a abortar bebé de cinco meses - TVI

Colegas ajudaram-na a abortar bebé de cinco meses

  • Portugal Diário
  • 12 fev 2008, 21:05

Jovem de 19 anos tomou medicamento abortivo. Só teve ajuda horas depois

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Colegas de uma aluna da escola profissional de Torredeita, Viseu, admitiram esta terça-feira que a ajudaram a concretizar um aborto ilegal, forneceram-lhe um medicamento abortivo e só pediram auxílio médico horas depois do feto de cinco meses ter sido expelido.

A jovem, de 19 anos, e que frequenta o primeiro ano de técnicos de contabilidade, abortou no domingo à tarde, na casa onde vive com outras cinco colegas estudantes.

O aborto foi confirmado aos jornalistas pelo director-geral da escola, Arcides Baptista Simões, que teve conhecimento da situação cerca das 20:00 de domingo, quando foi procurado pela GNR em sua casa. «Não conhecia esta situação concreta (da gravidez)», garantiu aos jornalistas, acrescentando ter estado na casa das estudantes até às 00:30 de segunda-feira, onde quer a jovem, quer as colegas foram interrogadas pela GNR e pela Polícia Judiciária.

Jovem de 19 anos aborta na escola

Aborto: um ano depois os prós e os contras

Segundo os relatos das colegas, presentes na conferência de imprensa de hoje, o aborto terá ocorrido muito antes, cerca das 16:30 de domingo, depois de, no sábado à noite, a jovem ter tomado Citotec (um medicamento com efeitos abortivos).

«Ela já andava a insistir há muito tempo comigo para lhe dar o comprimido, até antes das férias de Natal. Na sexta-feira mandou-me uma mensagem de telemóvel a pedi-lo», explicou uma jovem de 22 anos, que justificou ter consigo os comprimidos por causa de «dores de estômago», ainda que conhecesse os seus efeitos abortivos.

A jovem disse ter acabado por ceder e entregado o comprimido cerca das 22:00 de sábado depois de, através de mensagens de telemóvel, outras colegas lhe terem dito que lho podia dar. Segundo esta e outras colegas, a gravidez seria de cerca de cinco meses.

Apesar de o bebé, um rapaz, ter sido expulso cerca das 16:30 para dentro da sanita, o alerta para as autoridades policiais só foi dado cerca de três horas depois, de forma anónima, por uma das oito raparigas que estavam em casa na altura do aborto.

«Éramos todas a gritar, ninguém sabia muito bem o que fazer», contou uma das jovens, admitindo que havia a noção de que podia estar em causa «um crime, porque era uma vida que estava em jogo».

A jovem que acompanhou a grávida do quarto à casa de banho por esta se estar a sentir enjoada, contou que, assim que ela se sentou na sanita, o bebé caiu.

«Quando vi aquilo fiquei em pânico», afirmou a jovem de 20 anos, contando que, como o bebé estava vivo, ainda o tentou embrulhar numa toalha da mãe, mas esta impediu-a, dando-lhe instruções para que o deixasse morrer.

Outra das colegas, de 20 anos, contou que já no domingo de manhã tinham chamado a ambulância para levar a jovem ao hospital, por não se estar a sentir bem, mas que esta regressou pouco mais de uma hora depois, dizendo que «a mandaram embora, porque estava em boas condições».

As jovens dizem estar em choque com esta situação, até porque tinham dito à colega que sempre a apoiariam e esta tinha jurado que não punha fim à gravidez.

Contactada pela agência Lusa, fonte da Polícia Judiciária afirmou que se deslocou «cautelarmente ao local para fazer um diagnóstico do que aconteceu», mas recusou prestar «para já» mais esclarecimentos, rementendo outros comentários ou desenvolvimentos do caso para quando for conhecido o resultado da autópsia do feto.
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