Pilotos acham "vergonhosa" falta de meios para investigar acidentes aéreos - TVI

Pilotos acham "vergonhosa" falta de meios para investigar acidentes aéreos

Pista aeroporto Lisboa

Associação de pilotos portugueses defendeu hoje que a falta de meios do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves põe em causa a soberania do Estado português

A associação de pilotos portugueses defendeu hoje que a falta de meios do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves põe em causa a soberania do Estado português, considerando "vergonhoso" ter que recorrer a congéneres de outros países.

"Uma das nossas preocupações é a tremenda falta de fundos do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves [GPIAA], que já transita do Executivo anterior", disse à Lusa o presidente da direção da Associação de Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), Miguel Silveira.

Em declarações à Lusa, o porta-voz dos pilotos sublinhou que "é uma questão de soberania do Estado português, porque se acontecer um acidente com uma aeronave mais sério, o GPIAA não tem condições para fazer investigação", realçando que "muito mais importante do que investigação de acidentes e de incidentes, é a prevenção".

Miguel Silveira considerou "vergonhoso" ter que recorrer ao gabinete congénere, em Inglaterra, para deslocar um técnico a Portugal para investigar o incidente de sábado quando uma aeronave ATR da TAP Express aterrava no Aeroporto de Lisboa.

"Isto é vergonhoso. É o Estado português a demitir-se das suas funções, o que pode ter influência tremenda no transporte aéreo de companhias aéreas para o nosso país, se perceberem que temos uma péssima assistência no caso de haver um acidente", declarou.

Como a Lusa noticiou, depois de uma primeira avaliação ao trem dianteiro do avião que se partiu durante a aterragem, a investigação do GPIAA prosseguirá com a avaliação à estrutura do trem principal (se foi danificada, o incidente passa a ser considerado acidente) e às duas caixas negras da aeronave.

No primeiro caso, o diretor Álvaro Neves pediu à congénere inglesa (com a qual o GPIAA tem um acordo de cooperação) que disponibilize um técnico especializado em estruturas para fazer essa análise e, no segundo, pediu colaboração à congénere francesa que tem o equipamento necessário para a leitura das caixas negras, que permitem ter mais informação sobre o momento da aterragem.

O "estrangulamento financeiro" do GPIAA, que em 2016 viu o orçamento anual reduzido para 300 mil euros (antes eram cerca de 500 mil euros) obriga "a pedir autorização para tudo", disse o diretor do organismo público.

"Não ter autonomia para despachar material ou deslocar um investigador no dia seguinte [ao de um incidente] não é aceitável", considerou Álvaro Neves, que está há três anos à frente do organismo que investiga acidentes e incidentes com aeronaves.

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