Amigos dizem que condutor acusado de atropelar irmã de Djaló “não é uma pessoa vingativa” - TVI

Amigos dizem que condutor acusado de atropelar irmã de Djaló “não é uma pessoa vingativa”

  • AM
  • 25 out 2019, 20:22
Festas da Moita: testemunha do atropelamento conta como tudo aconteceu

Em tribunal, três amigos do homem afirmaram ainda que não o viram envolvido em nenhuma luta antes do acidente

Três amigos do homem acusado do homicídio de Açucena Patrícia, irmã de Yannick Djaló, afirmaram esta sexta-feira, em tribunal, que não viram o arguido envolvido em brigas antes do atropelamento mortal, em 2018, nas Festas da Moita, afirmando que “não é uma pessoa vingativa”.

“Não me apercebi de nenhuma rixa enquanto estive na Casa do Tio”, referiu Raquel Rodrigues, a primeira amiga de Abel Fragoso a testemunhar nesta terceira sessão do julgamento, no Tribunal de Almada, no distrito de Setúbal, acrescentando que nessa noite só viu o arguido “noutro bar, por volta das 20:00 ou 21:00”.

Foi em 15 de setembro de 2018, nas Festas da Nossa Senhora da Boa Viagem, mais precisamente na Travessa do Açougue, onde se situa o bar Casa do Tio, que Abel Fragoso, de 21 anos, embateu num grupo de seis pessoas numa rua fechada ao trânsito, tendo provocado a morte de Açucena Patrícia, de 17 anos, além de ferimentos em outros cinco jovens, que tiveram de receber tratamento hospitalar.

“O acidente foi uma coisa muito rápida, só se ouviu o carro quando embateu. Antes disso não me apercebi de nada. Só me apercebi quem era o condutor quando as pessoas estavam a correr. O Abel baixou a cabeça e meteu as mãos na cabeça, o carro continuou no mesmo sítio”, relatou Raquel Rodrigues.

Já Alexandra Sobral, amiga do arguido há sete anos, confirmou que encontrou Abel Fragoso no balcão da Casa do Tio, contudo, não lhe pareceu que “estivesse zangado” ou que “tivesse havido alguma confusão”.

Esta hipótese contraria o testemunho de Alice Reis, uma jovem que foi vítima neste atropelamento e que, esta sexta-feira de manhã, em tribunal, afirmou que o acusado tinha participado numa briga na Casa do Tio, momentos antes do incidente, com outro homem.

“No dia seguinte vi fotografias dele nas redes sociais e foi aí que tive a certeza de que era a mesma pessoa”, frisou.

Segundo Alexandra Sobral, o amigo “nunca foi violento nem vingativo”, pelo que considerou que o incidente aconteceu porque Abel Fragoso “perdeu o controlo do carro”.

Outra versão dos acontecimentos foi contada por João Mendes, também amigo do acusado, que confirmou que esteve com Abel até cerca das 23:30 nas Festas da Moita, mas que só passaram pela Casa do Tio, não permanecendo neste local, nem havendo qualquer briga.

Durante a sessão, o advogado de defesa, Pedro Madureira, perguntou a todas as testemunhas com proximidade ao arguido (cinco amigos, uma professora e uma vizinha) qual a personalidade de Abel Fragoso e se é uma pessoa violenta ou vingativa, o que foi sempre rejeitado.

“Do que eu conheço do Abel, sei que ele não era capaz de fazer isso. Ele é brincalhão, divertido, não é de confusões. Se tivemos uma discussão, foi uma vez e passou logo”, disse João Mendes.

Também uma professora, que lhe deu aulas durante dois anos num curso de restauração, afirmou que se trata de “um miúdo amoroso, amigo dos seus amigos”, em quem nunca reconheceu “alguma violência ou caminho menos bom”.

Toda esta audiência ficou marcada pela dificuldade em compreender onde se situavam várias testemunhas no momento em que ocorreu o incidente, pelo que o coletivo de juízes “entendeu ser essencial ir ao local para ter uma melhor perceção, que as fotografias não permitem”, o que acontecerá em 14 de novembro.

Segundo a juíza, as alegações finais ficaram já marcadas para o dia 27 de novembro, pelas 09:30.

Na primeira audiência, em 14 de outubro, o automobilista, que está acusado de um crime de homicídio consumado e mais de uma dezena de crimes de homicídio na forma tentada, tinha dito que o sucedido se devia apenas à sua inexperiência.

No entanto, na segunda audiência, em 16 de outubro, esta tese foi refutada pelo testemunho dos militares da GNR que asseguravam o patrulhamento naquela noite e que afirmaram ter tido de fugir para não serem atropelados pelo jovem.

Também no primeiro interrogatório judicial, o condutor admitiu que tinha agido na sequência de um desentendimento com um grupo de pessoas do Vale da Amoreira (Moita). Acabou, no entanto, por atingir um outro grupo de pessoas com a sua viatura, provocando uma vítima mortal.

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