Juiz Neto de Moura fala pela primeira vez: “Eu condeno a violência doméstica” - TVI

Juiz Neto de Moura fala pela primeira vez: “Eu condeno a violência doméstica”

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  • 28 out 2017, 11:26

Desembargador do Tribunal da Relação do Porto diz que o que escreveu no acórdão de 11 de Outubro “está a ser intencionalmente deturpado”

O juiz do Tribunal da Relação do Porto, envolto em polémica devido a uma sentença em que desculpabiliza o marido agressor de uma mulher adúltera, diz que condena a violência doméstica.

Neto de Moura diz agora, em declarações ao jornal Público, que aquilo que escreveu no acórdão, de 11 de outubro, "está a ser intencionalmente deturpado".

Eu condeno a violência doméstica. Não há dúvida nenhuma”, declara o desembargador do Tribunal da Relação do Porto.

O magistrado de 61 anos invoca em sua defesa o acórdão em que sentenciou o agressor a três anos de cadeia, mas acabou por lhe atenuar a culpa porque o arguido estava convencido da infidelidade da mulher.

Na sentença, em que qualifica a violência doméstica como um “flagelo social”, Neto de Moura chama ao agressor “pessoa mesquinha e cobarde”, mas não deixa de escrever: “Terá sido determinado na sua atuação também por estar convencido de que a mulher lhe era infiel, o que atenua um pouco a medida da culpa”.

Nas declarações ao Público, o juiz recorda várias sentenças, quando estava no Tribunal de Loures, em que aplicou três anos de prisão efetiva a um homem que maltratava a companheira e a filha.

Ao longo da semana, Neto de Moura foi alvo de repúdio por parte de várias organizações da sociedade civil e em petições assinadas por milhares de pessoas. Correram mundo as notícias sobre a forma como citou a Bíblia, tanto no acórdão polémico de 11 de outubro como numa sentença anterior, para falar da lapidação das mulheres adúlteras, que qualificou como “falsas, hipócritas, desonestas, desleais, fúteis, imorais". 

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