Brasil já tem novo vocabulário, mas Portugal não - TVI

Brasil já tem novo vocabulário, mas Portugal não

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Academia das Ciências diz que sem isso, o acordo ortográfico não pode entrar em vigor

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Os brasileiros vão ter, já a partir do dia 19, um Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, em edição da Academia Brasileira das Letras, mas o equivalente em Portugal está ainda por produzir.

A responsabilidade é dos três ministérios que tutelam esta área: o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o da Educação e o da Cultura. «O Acordo não pode entrar em vigor sem haver previamente um Vocabulário», assinalou à Lusa Artur Anselmo, presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia, a instituição que, na Academia das Ciências de Lisboa, trata dos assuntos linguísticos.

O académico lembrou que no passado competiu à Academia a elaboração do Vocabulário, mas este ano o governo não apresentou à instituição qualquer pedido nesse sentido.

«A Academia ¿ referiu ¿ recebe ordens. É tutelada pelo ministério da Ciência, recebe instruções do governo, sempre foi assim. A Academia não tem de tomar a iniciativa de produzir o Vocabulário».

Ressalvou, neste quadro, que, cabendo a iniciativa ao governo, este poderá entender que «não deve ser a Academia a elaborar o Vocabulário». «Tem todo o direito de o fazer. Pode nomear uma comissão de peritos capaz de fazer esse trabalho», disse.

Em sintonia com outros especialistas que consideram o Vocabulário um instrumento fundamental para uma rigorosa e credível aplicação do Acordo, reiterou que, sem ele, «não há possibilidade de passar à prática o Acordo Ortográfico».

«Tem de haver ¿ insistiu ¿ uma listagem das palavras que dizem respeito ao Acordo. Se não, não há».

Na opinião de Artur Anselmo, «deveria haver uma conferência inter-académica em que estivessem representados todos os países de língua portuguesa que, em boa paz, acordassem no Vocabulário».

Também contactado pela Lusa, o professor e académico Malaca Casteleiro reconheceu a importância de um Vocabulário ortográfico unificado com as alterações ortográficas introduzidas pelo Acordo, mas não dramatizou o facto de em Portugal ainda não ter sido publicado.

«O Acordo Ortográfico ¿ disse ¿ pode [mesmo assim] entrar em vigor. Há vocabulários entretanto publicados. É um instrumento para toda a Lusofonia. Não se trata de cada país agora fazer o seu vocabulário ortográfico».

Malaca Casteleiro insiste em que «a ideia era fazer um Vocabulário Ortográfico unificado e aceite por todos».

«Até para resolver, como é evidente, dúvidas que surgem, dúvidas que a aplicação do Acordo levanta», vincou.
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