«Estamos a falar em termos gerais de uma situação que poderá provocar, direta e indiretamente, no concelho da Praia da Vitória, mais de duas mil pessoas sem trabalho e no concelho de Angra do Heroísmo, que tem ficado esquecido e que não apontado números, a perda de mais mil postos de trabalho».
Vítor Silva falava numa conferência de imprensa conjunta do Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores (SABCES), da USAH e da Comissão Representativa dos Trabalhadores portugueses da Base das Lajes (CRT), em Angra do Heroísmo.
O sindicalista considerou pecarem por escasso os números tornados públicos até ao momento, que apontam para que o impacto da redução de 650 para 165 militares norte-americanos na Base das Lajes leve ao despedimento de 500 funcionários portugueses.
«Neste momento, sem ter sido despedido um único trabalhador português da Base das Lajes, centenas de trabalhadores, indiretamente, a partir de 2012, e com a redução da presença norte-americana, já perderam o seu posto de trabalho».
Para o sindicalista, o desemprego é atualmente um «flagelo» nos Açores e a redução na Base das Lajes associada à conjuntura atual vai aumentar a taxa de desemprego em «dois pontos percentuais», colocando-a novamente acima dos 20%.
Vítor Silva alertou para os momentos complicados por que passam os setores das pescas e da lavoura, acrescentando que a restauração tem vindo a perder postos de trabalho e que a construção civil terá um «aumento significativo» de desemprego nos próximos meses.
«Com a conjuntura que nós temos, onde não existe capacidade de outros setores absorverem estes postos de trabalho, esta situação é catastrófica».
Nesse sentido, o sindicalista apelou à «participação maciça» da população da ilha Terceira numa vigília organizada pelo sindicato e pelos trabalhadores, no domingo, às 16:00 (hora local), no Largo da Luz, na Praia da Vitória.
Para a Comissão Representativa dos Trabalhadores, esta ação é um «último esforço para que o Governo ponha a mão na consciência e procure evitar este desastre para a ilha Terceira».
«É chegada a hora de unir esforços e exigir responsabilidades ao Governo português pela forma como todo este processo foi conduzido, aparentemente e mais uma vez, trocando os direitos dos trabalhadores por outros interesses, muitos deles escondidos», salientou Luís Moniz.
Vítor Silva reiterou que «ainda é possível» impor aos norte-americanos um contingente mínimo de 750 trabalhadores portugueses na Base das Lajes como condição para a utilização das infraestruturas, tendo em conta que os postos de trabalho são "a única contrapartida visível" para os Açores.