Tapetes rolantes parados, lojas fechadas e pessoas nem vê-las. Humberto Delgado, o aeroporto "fantasma" - TVI

Tapetes rolantes parados, lojas fechadas e pessoas nem vê-las. Humberto Delgado, o aeroporto "fantasma"

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  • Publicado por CE
  • 9 abr 2020, 16:44

O governo anunciou, no dia 2 de abril, o encerramento dos aeroportos aos voos comerciais, entre quinta e segunda-feira, no âmbito de mais um esforço a nível nacional para combater a pandemia de Covid-19 durante o período da Páscoa

Lisboa acorda num dia cinzento e chuvoso. Um bando de gaivotas sobrevoa a área de movimento do aeroporto Humberto Delgado, metendo inveja às várias dezenas de aviões que estão impedidos de voar durante a Páscoa.

Há nesta manhã uma sensação de vazio entre as zonas de chegadas e de partidas. Os tapetes rolantes estão parados, as lojas estão fechadas e os voos estão suspensos entre esta quinta-feira e segunda-feira, exceto as ligações de caráter humanitário, repatriamento de cidadãos e transporte de mercadorias.

A decisão de encerrar os aeroportos aos voos comerciais foi anunciada pelo Governo em 2 de abril, no âmbito do estado de emergência decretado devido à pandemia de Covid-19, e a ANA – Aeroportos de Portugal diz-se empenhada em contribuir para “o esforço nacional de mitigação dos riscos”.

A concessionária dos aeroportos recorda que a operação do Terminal 2 do Aeroporto Humberto Delgado está suspensa desde o dia 30 de março, estando os embarques concentrados no Terminal 1.

O Terminal 2 tem sido utilizado, unicamente, para voos especiais de apoio ao Serviço Nacional de Saúde e voos humanitários”, refere à Lusa.

Esta quinta-feira, o tempo parece ter parado. O frenesim de passageiros a circular com malas, a entrar e a sair do aeroporto, fazem parte do imaginário. Os ecrãs com as longas listas de voos estão apagados, não há ‘check-in’ nem ‘check-out’, os terminais de bagagem estão suspensos.

Da área de movimento – onde as aeronaves aterram, descolam e se movimentam - avistam-se os aviões parados, quase todos alinhados. É uma imagem distorcida daquilo que os irmãos Wright criaram no início do século XX: agora, os aviões não voam.

Devido à paragem, a ANA reservou áreas dedicadas ao “estacionamento de contingência de longa duração” para as companhias aéreas baseadas em Portugal e outras que possam precisar.

Segundo a gestora dos aeroportos portugueses, o estacionamento nas áreas de contingência não terá custos para as companhias aéreas.

Nesta porta de entrada na capital só se veem os funcionários, aqueles que não podem parar. A pandemia de Covid-19 colocou os voos em suspenso, mas não o aeroporto.

A ANA lembra que definiu medidas de contingência aconselhadas pela Direção-Geral da Saúde, incluindo a medição de temperatura corporal em Lisboa, Porto, Faro, Madeira e Ponta Delgada (Açores).

Caso sejam detetadas situações de temperatura corporal elevada, seguir-se-á um segundo rastreio por uma equipa de técnicos de saúde, os quais acompanharão a pessoa para área reservada, procedendo a um inquérito e atuando de acordo com os procedimentos médicos exigidos”, salienta, apontando como prioritária a proteção da saúde dos passageiros e dos trabalhadores da comunidade aeroportuária.

A concessionária afirma também que a continuidade do serviço público é um compromisso permanente: “A ANA está comprometida com o Estado para assegurar que as principais portas de acesso aéreo ao país permanecem sempre abertas, permitindo aos portugueses no estrangeiro e aos estrangeiros em Portugal regressarem para junto das suas famílias, e às cadeias logísticas essenciais continuarem a funcionar”.

Em Portugal, segundo o balanço feito esta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 409 mortes, mais 29 do que na véspera (+7,6%), e 13.956 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 815 em relação a quarta-feira (+6,2%).

Dos infetados, 1.173 estão internados, 241 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 205 doentes que já recuperaram.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil.

Dos casos de infeção, mais de 312 mil são considerados curados.

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