Passageiros em trânsito nos Açores obrigados a desembarcar em Ponta Delgada - TVI

Passageiros em trânsito nos Açores obrigados a desembarcar em Ponta Delgada

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  • 18 mar 2020, 20:00
Avião

Medida visa assegurar que os passageiros em trânsito para outra ilha fazem quarentena em São Miguel

A Autoridade de Saúde Regional dos Açores deu esta quarta-feira indicações a várias entidades no aeroporto de Ponta Delgada para assegurar que os passageiros em trânsito para outra ilha fazem quarentena em São Miguel.

“Qualquer passageiro que desembarque no aeroporto de Ponta Delgada, mas que tenha o seu encaminhamento para uma viagem inter-ilhas, não passa pelo interior do aeroporto. Terá de desembarcar e passar pela delegação de saúde de Ponta Delgada”, afirmou o responsável pela Autoridade de Saúde Regional dos Açores, Tiago Lopes, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo.

A Autoridade de Saúde Regional dos Açores anunciou no sábado, ao início da tarde, que "todos os passageiros de voos do exterior que aterrem na região" passariam a estar "obrigados a cumprir um período obrigatório de quarentena de 14 dias", devido à pandemia de Covid-19. 

O Governo Regional dos Açores, enquanto acionista do Grupo SATA, determinou a concentração da atividade operacional da Azores Airlines - que opera de e para fora da região - no aeroporto de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, bem com a suspensão do contrato de ligações aéreas de "todas as ilhas dos Açores" para a Terceira "e desta para todas as outras ilhas".

Segundo Tiago Lopes, a Autoridade de Saúde Regional teve hoje uma reunião com a ANA Aeroportos, que gere o aeroporto de Ponta Delgada, a Polícia de Segurança Pública, a companhia aérea regional SATA e a delegação de saúde de Ponta Delgada para “esclarecer algumas particularidades” sobre a circulação dos passageiros que chegam do exterior no aeroporto.

“Irão ser desembarcados e devidamente triados pela delegação de saúde para evitar a sua deslocação inter-ilhas”, frisou.

Questionado sobre os custos da permanência na ilha de São Miguel durante 14 dias, o responsável pela Autoridade de Saúde Regional disse que “será providenciada ajuda”, no alojamento e na alimentação, aos passageiros que tenham carências económico-financeiras comprovadas, mas lembrou que o executivo açoriano solicita “há uma semana” que a população adie ou cancele deslocações aos Açores.

Segundo Tiago Lopes, a PSP deverá iniciar patrulhas em viaturas para identificar “aglomerados de pessoas” e alertar para que “desmobilizem e assegurem a distância ou regressem às suas unidades hoteleiras ou alojamentos locais”, no caso de serem turistas.

Os Açores têm atualmente dois casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que provoca a Covid-19, uma mulher de 29 anos residente na ilha Terceira e outra de 49 residente na ilha de São Jorge, estando as duas internadas no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, em situação “clinicamente estável”.

Existem atualmente 15 casos suspeitos na região, cinco dos quais aguardam resultados (um da ilha Terceira, um do Faial e três de São Miguel), nove aguardam colheitas (um de Santa Maria e oito de São Miguel) e um, na ilha Terceira, aguarda a repetição da análise, após ter tido resultado inconclusivo.

Estão em vigilância ativa 495 pessoas (mais 65 do que na terça-feira), das quais 129 relacionados com o primeiro caso positivo e 26 com o segundo.

Os três hospitais dos Açores (Ponta Delgada, Terceira e Horta) tinham 57 ventiladores, mas receberão mais 14, oferecidos pelo grupo Bensaúde.

“Vamos acrescer a nossa capacidade de resposta, que já era adequada para o cenário de impacto do surto do novo coronavírus na região. Tudo aquilo que vier a mais será bem-vindo. É com bastante satisfação que estes 14 ventiladores serão um recurso adicional para dar resposta às necessidades da região”, salientou o responsável pela Autoridade de Saúde Regional.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 84.000 recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

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