Dois homens ao serviço da aplicação informática Uber foram hoje agredidos à porta de um hotel do Porto por quatro pessoas, duas das quais taxistas, disse à Lusa fonte da PSP, que recebeu queixa formal do sucedido.
Fonte da PSP do Porto revelou que hoje, pelas 10:45, um carro-patrulha se deslocou ao exterior de uma unidade hoteleira situada na Rua Tenente Valadim, por “estarem a ocorrer agressões” a “dois cidadãos”.
Segundo a mesma fonte, a participação à polícia indica que quatro pessoas agrediram um dos queixosos e provocaram danos na viatura que conduzia, tendo já sido identificados “três dos quatro indivíduos indicados como agressores”. Entre estes três agressores identificados pela PSP encontravam-se dois taxistas, indicou à Lusa fonte policial.
Fonte do hospital de Santo António, no Porto, confirmou à Lusa, por seu turno, que duas pessoas agredidas deram entrada hoje naquela unidade hospitalar com ferimentos ligeiros, tendo tido alta cerca das 14:00.
Um dos feridos, que pediu à Lusa o anonimato e é dono de uma empresa que trabalha com a Uber, contou que ele e um dos seus motoristas foram hoje agredidos “ao murro e pontapé” nas “costas e na cabeça” à frente do Hotel Sheraton, na rua Tenente Valadim, e que as agressões só pararam quando se refugiram na receção daquela unidade hoteleira.
“Quando esperávamos pela polícia, começaram as agressões que só pararam quando fugimos para a receção do hotel”, conta.
A Lusa contactou o Hotel Sheraton, mas não foi possível obter nenhum esclarecimento em tempo útil.
Em declarações à Lusa, uma fonte oficial da Uber condenou "veementemente todos os atos de violência".
"Situações como esta não são aceitáveis numa cidade portuguesa. Apresentamos a nossa total disponibilidade para colaborar com as autoridades. A segurança pública surge em primeiro lugar e apoiaremos de forma incondicional todos os nossos parceiros”.
Florêncio Almeida, presidente da Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Transportes Ligeiros (ANTRAL), condenou a violência, mas alertou que a Uber “não está autorizada a trabalhar em Portugal”, pelo que “a lei tem de ser aplicada” e “as viaturas deviam ter sido apreendidas”.
À Lusa, o responsável da ANTRAL reiterou a necessidade de o Governo atuar, sob pena de o desagrado dos taxistas “descambar para uma situação de descontrolo”.
“São [as agressões] atitudes que não devem acontecer. Não é pela violência que se resolvem os problemas”, afirmou.
“O Governo tem de fazer alguma coisa. Tenho medo que a situação descambe para o descontrolo. É evitável. Não é assim que se devem resolver os problemas”, acrescentou.
Os taxistas são contra o sistema de transportes com base naquela aplicação eletrónica e a Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Transportes Ligeiros (ANTRAL) interpôs contra a Uber uma providência cautelar para determinar o fim da atividade de transporte de passageiros em automóveis ligeiros daquela forma, bem como cessar a angariação de meios e a execução de contratos de transporte de passageiros sob a designação Uber.