Alcochete: Misic confirma agressão com cinto por indivíduo com "cara meio tapada" - TVI

Alcochete: Misic confirma agressão com cinto por indivíduo com "cara meio tapada"

Futebolista disse não ter ficado com nenhuma marca da agressão, explicando que não foi atingido pela fivela e que, por isso, não recebeu assistência médica

O futebolista croata Misic afirmou em tribunal ter sido agredido com um “cinto na cabeça, por um indivíduo com parte da cara tapada”, durante a invasão à academia do Sporting, em Alcochete, em maio de 2018.

Segundo o futebolista, ouvido via Skype, no tribunal de Monsanto, o agressor “não tinha nenhuma roupa do Sporting e tinha uma t-shirt cinzenta”.

“Tinha como se fosse um lençol a tapar a parte de baixo da cara e estava vestido de preto. Não tinha nenhuma roupa do Sporting e tinha uma t-shirt cinzenta”,  afirmou.

O futebolista disse não ter ficado com nenhuma marca da agressão, explicando que não foi atingido pela fivela e que, por isso, não recebeu assistência médica.

“Fui agredido na cabeça com um cinto. O indivíduo já vinha com o cinto na mão e agrediu-me”, continuou.

Misic, que alinha nos gregos do PAOK, considerou que os agressores entraram no balneário “sem alvos específicos e começaram a agredir as primeiras pessoas que encontraram”.

“Um segurança tentou fechar a porta, mas havia muita gente e conseguiram entrar. Quando entraram estava no lado esquerdo do balneário, diziam palavrões e gritos. Vi empurrões. Fiquei com uma sensação não agradável”, acrescentou.

O croata, que por diversas vezes afirmou que os agressores “entraram para atacar e sem intenção de falar com alguém”, referiu que o então presidente do clube, Bruno de Carvalho, “chegou meia hora depois” dos incidentes e que “nenhum jogador se recusou a falar com ele”.

Durante a 25.ª sessão do julgamento, Misic disse ter-se apercebido de que “havia agressões noutro local do balneário”, mas não ter conseguido ver “quem foi agredido, nem quem agrediu”.

Misic garantiu não ter ficado com medo, depois do sucedido, ao contrário do que tem sido assumido pela maioria dos jogadores do plantel ouvidos em tribunal, e atribuiu os incidentes “aos maus resultados da equipa”.

O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Equipa não queria jogar a final da Taça

O futebolista costa-riquenho Bryan Ruiz afirmou hoje em tribunal que a equipa do Sporting não queria jogar a final da Taça de Portugal de 2018, disputada dias depois da invasão à academia do clube, em Alcochete.

A maioria dos jogadores queria ir embora, a equipa não queria jogar a final”, afirmou o médio, ouvido via Skype, durante 25.ª sessão do julgamento da invasão à academia, ocorrida em 15 de maio de 2018.

Bryan Ruiz, que está ligado contratualmente ao Santos, do Brasil, descreveu com algum pormenor as agressões a alguns jogadores, identificando como alvos principais dos invasores os então companheiros de equipa Battaglia, Acuña, Montero, William Carvalho e Rui Patrício.

Com o balneário cheio de fumo, começaram a ameaçar e a ofender, principalmente alguns jogadores, e a dizer que tínhamos que ganhar a final da Taça, porque senão íamos ver o que era o Sporting”, afirmou, acrescentando: “Alguns foram atingidos com a mão fechada, recordo que o Montero foi atingido duas vezes com a mão aberta, ao Battaglia deram com uma garrafa”.

O jogador disse ter visto “pelo menos três pessoas de volta do Battaglia” e referiu que o companheiro de equipa foi agredido duas vezes: “Lembro-me de o ofenderem, de o terem atingido, depois houve mais ofensas, e voltaram a atingi-lo na cara”.

O Acuña tinha, pelo menos, uns cinco à volta dele”, explicou, acrescentando: “Com o William não foram tão agressivos, mas recordo-me que lhe disseram: ‘O Sporting não é isto’”.

O médio costa-riquenho, que alinhou no Sporting entre 2016 e 2018, afirmou que os jogadores estavam “em choque” e garantiu que da parte dos invasores “não havia nenhum com intenção de conversar com ninguém, estavam todos muito agitados”.

Bryan Ruiz disse recordar-se de ter visto duas tochas a serem lançadas, e assegurou que o alarme de incêndio “começou a tocar depois de os indivíduos terem entrado no balneário”.

Continue a ler esta notícia