Mau tempo: distrito de Coimbra causa preocupação mas caudal do Mondego está a baixar - TVI

Mau tempo: distrito de Coimbra causa preocupação mas caudal do Mondego está a baixar

  • RL
  • 23 dez 2019, 10:48

Marcelo Rebelo de Sousa já manifestou a intenção de se deslocar à região do Baixo Mondego nos próximos dias

O distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), apesar de o número de ocorrências ter “baixado significativamente”, esperando-se a redução do leito do rio Mondego nos próximos dias.

Segundo o comandante Carlos Pereira, da ANEPC, que falava à Lusa perto das 10:00, “neste momento o número de ocorrências diminuiu significativamente, tendo-se registado nas últimas 12 horas 11 ocorrências”.

“Não se pode dizer que está a voltar à normalidade, nem nada que se pareça, mas o leito do rio Mondego está a reduzir em toda a área envolvente à bacia do rio, o que está a ajudar as populações em redor a retomar a sua normalidade”, afirmou Carlos Pereira, reconhecendo, no entanto, a existência de “situações pontuais”.

De acordo com o responsável, o distrito de Coimbra “é o que está a causar maior preocupação”, mas há ainda a situação do desaparecimento de um operador de uma máquina em Castro Daire, distrito de Viseu.

A nível de inundações será sem dúvida todo o distrito de Coimbra na área do Mondego, tudo que envolve a bacia do Mondego, mas que está a baixar o nível e a ajudar a tentativa de repor a normalidade em todos os municípios à sua volta”, reconheceu.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa  manifestou esta segunda-feira a intenção de se deslocar à região do Baixo Mondego nos próximos dias, numa nota em que disse ter acompanhado os efeitos do mau tempo durante a sua visita ao Afeganistão.

Na noite de domingo, o presidente do município de Montemor-o-Velho disse que o talude esquerdo do leito periférico direito do Mondego colapsou, no local onde poucas horas antes tinha sido identificado um aluimento de terras.

Em declarações aos jornalistas, Emílio Torrão confirmou o colapso do talude esquerdo, numa extensão de 50 metros, bem como o transbordo de água para aquele canal a partir dos campos agrícolas que estão alagados, cerca de meio quilómetro a montante da ponte das Lavandeiras, na povoação de Casal Novo do Rio.

A povoação está a ser defendida através de uma barreira de pedras e sacos de areia, ali colocada por meios da Proteção Civil municipal.

O município pediu ao ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que a EDP pudesse suspender as descargas na barragem da Agueira - pedido que estava a ser cumprido, segundo o autarca.

Ao pedido para a suspensão de descargas na barragem da Aguieira juntou-se a maré vazante, o que possibilita "a maior capacidade de encaixe" no leito principal do Mondego, para onde corre a água do leito periférico direito.

Segundo o comandante Carlos Pereira, com base nas informações transmitidas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera, “nos próximos dias não há precipitação”, logo, “as descargas a montante vão reduzir-se e o leito do rio Mondego vai baixar”.

Ministro do Ambiente espera ter diques do Mondego reparados em dois meses

O ministro do Ambiente e da Ação Climática revelou esta segunda-feira que o Governo “vai recuperar os dois diques” que cederam no rio Mondego, em Montemor-o-Velho, e que espera ter os trabalhos “completamente” concluídos no prazo de dois meses.

“O risco de atingir Montemor-o-Velho, que nunca é nulo, é, neste momento, muitíssimo reduzido. Ontem [no domingo] estivemos já em obra a reforçar pontos mais frágeis. Nos sítios das ruturas não temos maneira de fazer chegar as máquinas. Aguardamos agora que o terreno vá secando e quero acreditar que, em dois meses, aqueles diques estão completamente reparados”, afirmou João Pedro Matos Fernandes aos jornalistas, no Porto, à margem da cerimónia dos 70 milhões de passageiros do Metro.

O ministro notou que os diques suportaram uma pressão de água muito superior àquela para a qual tinham sido projetados e frisou que “a situação não foi mais grave pelo extraordinário trabalho de manutenção” realizado no local, nomeadamente com o investimento de “cinco a seis milhões de euros”.

Este valor, explicou, foi gasto “a limpar leitos periféricos e com a obra de desassoreamento do Mondego frente à cidade Coimbra que a Quercus contesta”.

A circulação de comboios no Ramal de Alfarelos, entre Alfarelos e Verride, distrito de Coimbra, continua suspensa por causa dos efeitos do mau tempo, que obrigou a um corte de tensão entre Alfarelos e Figueira da Foz/Lourical.

Segundo informação divulgada esta segunda-feira pela Infraestruturas de Portugal (IP), devido às condições climatéricas adversas, principalmente nas regiões Norte e Centro do país, a circulação ferroviária tem sido afetada, mantendo-se hoje de manhã alguns condicionamento, apesar de terem vindo a ser resolvidas "a grande maioria das situações".

Os efeitos do mau tempo que se fazem sentir desde quarta-feira já provocaram dois mortos, um desaparecido, deixaram 144 pessoas desalojadas e 352 pessoas deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências no continente português, na maioria inundações e quedas de árvore.

O mau tempo provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado o impacto da depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

Situação de cheia no Baixo Mondego com “sinais positivos”

A situação de cheia na bacia do Mondego, nomeadamente nos campos agrícolas entre o leito principal do rio e a vila de Montemor-o-Velho, regista sinais positivos, disse esta segunda-feira o comandante distrital de operações de socorro de Coimbra.

"Neste momento temos sinais positivos, o dique [que colapsou na noite de domingo] e o comportamento da água dão-nos sinais positivos", referiu à Lusa Carlos Luís Tavares.

O comandante de Coimbra remeteu um ponto de situação "mais fidedigno" para uma conferência de imprensa agendada para as 13:00, em Montemor-o-Velho, acrescentando que as autoridades estão durante a manhã a proceder a uma avaliação das condições no terreno, com o apoio de meios dos Fuzileiros da Marinha e das corporações de bombeiros.

Mas neste momento os sinais são francamente positivos", reafirmou.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil, num balanço feito hoje às 10:00, disse que o distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação, apesar de o número de ocorrências ter "baixado significativamente", esperando-se a redução do caudal no leito do rio Mondego nos próximos dias.

Veja também: mau tempo obriga a retirar 100 animais do canil de Coimbra.

 

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